Vereador, um mandato é de quatro anos e passa rápido!
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Publicado em: 31/01/2017 às 18:38 | Atualizado em: 31/01/2017 às 18:38
Por Paulo Onofre *
Estive hoje na Câmara Municipal de Manaus para dar andamento em meu pedido de pagamento da verba indenizatória, a que tenho direito.
Caminhava no corredor quando encontrei um velho amigo, que trabalhou comigo em empresas do Distrito Industrial, e que nesta última eleição foi eleito vereador.
Este me convidou para ir ao seu gabinete, e passamos a conversar sobre o funcionamento daquela casa legislativa. Passei algumas informações, e entre as sugestões que dei está a de que é de suma importância que o seu chefe de gabinete conheça o regimento interno da Câmara.
O que me chamou atenção foi a quantidade de funcionários no gabinete (parece o ônibus interbairro na hora de pico!) e sua maioria dos assessores eram jovens sem experiência.
Aproveitei e disse ao meu amigo que tem dois tipos de assessores: o primeiro tem que ler bastante, sobre a política local e nacional. Ele é aquele que pensa sobre as ações no gabinete, como sugerir projetos a serem apresentados, seminários, visitas nas comunidades e outras ações.
Mas, sempre lembrando que o que vale não é a quantidade de projetos apresentados, e sim o alcance social dos projetos.
Aí dei um exemplo: teve vereador que apresentou projetos como o Dia da Sogra, O Dia da Madrinha, esse tipo de projeto que não contribui em nada para a sociedade. É do tipo que o Praciano, quando era vereador, chamava de projeto florzinha.
O segundo tipo é o assessor panfleteiro de campanha, que é excelente para fazer trabalho de rua, ir nas comunidades, buscando identificar os problemas que a prefeitura possa solucionar, como deficiência no transporte coletivo no bairro, saneamento básico, iluminação, falta de água e outros.
Agora você provavelmente irá vivenciar coisas engraçadas que acontecem nesta casa, dizia ao amigo vereador. Tem aqueles vereadores de primeiro mandato, que foram eleitos com votos de moradores do bairro onde moram. Estes, via regra, se empolgam e esquecem que o mandato é de quatro anos.
Alguns, quando são eleitos têm um carrinho velho; seis meses depois compram uma picape financiada em 60 meses, esquecendo que o mandato tem 48 meses. E seis meses depois mudam de moradia, vão morar em um condomínio fechado, abandonam o seu bairro, e esquecem de seus eleitores.
E no ano seguinte, o vereador cai numa velha cilada: se separa da mulher, que foi quem ajudou a elegê-lo. Por uma simples razão, está perdidamente apaixonado por uma loura bacana, que conheceu durante um jantar em um restaurante chique no Vieiralves.
Resumo da ópera: quando chega a eleição, o vereador está sem uma banda no bolso, pois gastou todo o seu dinheiro em jantares e viagens pelas praias do Nordeste com a loura, sua atual esposa.
Finalizando, o nobre edil não é reeleito; sem mandato, tem que devolver o carro por estar com as prestações atrasadas. Também tem que se mudar da casa onde mora no condomínio, pois o aluguel está atrasado. A loura, acostumada à opulência, decide deixar o ex-vereador.
Afinal, tem aquele adágio popular que diz: quando a miséria bate na porta, o amor pula pela janela, sai correndo com mais de mil, uma vez que miséria não combina com amor.
No início da outra legislatura, o agora ex-vereador passa a vagar pelos corredores da Câmara na tentativa de conseguir uma vaga de cargo comissionado com o presidente da Câmara. Às vezes dá sorte e consegue uma assessoria.
Outros vereadores não conseguem mais retomar o caminho de sua vida, pois se mudaram do bairro onde moravam, se distanciaram dos amigos, alguns amigos de infância. E passam a beber diariamente e comumente viram alcoólatra.
Então, meu amigo, fique esperto que quatro anos de mandato passam rápido. E tente se assessorar de pessoas que possam te ajudar a desenvolver o seu mandato.
* O autor é assessor parlamentar e consultor em política e estratégia