“Vai dar PT, vai dar, vai dar PT, vai dar!”
"Aos adversários, cabe o papel de negar essa realidade, o que não a mudará em nada"

Neuton Correa, Aldenor Ferreira*
Publicado em: 12/03/2022 às 15:26 | Atualizado em: 12/03/2022 às 23:08
Na semana passada escrevi sobre o fenômeno eleitoral chamado Luiz Inácio Lula da Silva, o maior vencedor de eleições presidenciais do Brasil de todos os tempos. Todavia, Lula não teria logrado êxito em sua jornada sem o Partido dos Trabalhadores (PT), tema de hoje da coluna.
O PT foi oficializado pelo Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, em São Paulo, no dia 10 de fevereiro de 1980, completando, portanto, no mês passado, 42 anos.
São quatro décadas de participação política e de representação dos interesses da classe trabalhadora brasileira. Desde a sua fundação, o partido esteve presente em todos os grandes acontecimentos da vida nacional.
Para os que são mais jovens, é importante relembrarmos alguns acontecimentos marcantes da vida nacional, a fim de que eles possam perceber a importância histórica do PT, fundado por operários, intelectuais, artistas, enfim, por brasileiros(as) do campo e da cidade.
Em 1984, quando ainda era recentemente criado, o partido já estava presente na luta por eleições diretas em nosso país. No dia 25 de janeiro de 1984, o PT, representado por seus militantes e lideranças, estava nas ruas de São Paulo e de outros cantos do Brasil, gritando, com toda força, por “Diretas já”.
Em 1988, no mais importante acontecimento da história da nova república, a Assembleia Nacional Constituinte, o PT estava lá. Lula e demais deputados constituintes do PT, bem como de outros partidos de esquerda, foram fundamentais para a inserção de direitos sociais e políticas públicas no texto da Carta Magna.
Conforme mencionado na semana passada, de 1989 a 2018, Lula e o Partido dos Trabalhadores estiveram presentes, como protagonistas, de todas essas eleições presidenciais. É verdade que ocorreram derrotas, mas é fato também que as vitórias foram maiores, em todos os sentidos – como a redução da fome e da pobreza no Brasil.
Não custa lembrar que, no governo de Lula, o Brasil chegou a ser a sexta economia do mundo, suplantando, por exemplo, o Reino Unido. Hoje, o Brasil está na décima quinta posição no ranking econômico mundial em termos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Como dito, o Partido dos Trabalhadores foi fundado por representantes de vários segmentos sociais, sendo um partido heterogêneo, mas, acima de tudo, um partido com bandeira, com ideologia, com lado. O PT tem um lado, o lado dos trabalhadores, o que é fundamental, é condição sine qua non para qualquer agremiação política, ainda mais para um partido de esquerda.
Certamente, como em todo agrupamento humano, plural, divergente e insurgente, há conflitos internos. No PT não é diferente, há no partido alas e ideologias diferentes.
Com efeito, julgo que isso não é ruim, pelo contrário, é um sinal de força, de maturidade democrática interna, afinal, não é na homogeneidade que se afirmam as identidades, mas, sim, na heterogeneidade. É como dizer: “viva a diferença”, pois é na diferença que percebemos e resolvemos nossas contradições e avançamos.
Nesse sentido, foi justamente a pluralidade que fez o partido grande, contando hoje com quase dois milhões de filiados e mais outros milhões de simpatizantes. Não tenho dúvidas de que foi a força desses números que fez o partido permanecer como protagonista no cenário político nacional, mesmo diante de crises e ataques.
Não custa lembrar – e isso é um dado de realidade que se impõe e que está para além do aceite ou do reconhecimento dos que odeiam o partido – que o PT foi o único que, há oito eleições presidenciais, esteve “na final”, como dito, mesmo com derrotas.
E pelo que indicam as pesquisas, em 2022, novamente o partido e seu candidato vêm fortes para a disputa eleitoral. Não se trata de achismos ou ilações, são números, pesquisa, estatística, enfim, é matemática. Aos adversários, cabe o papel de negar essa realidade, o que não a mudará em nada.
Na nova república, que começa efetivamente em 1989, nenhum outro partido no Brasil foi tão perseguido como o PT. E nunca se tratou de embate político ou ideológico, mas, sim, de perseguições institucionais, oficiais, programadas, com a finalidade de fazê-lo desaparecer.
Todavia, o partido não desapareceu, pelo contrário, continuou crescendo a ponto de ter, até recentemente, a maior bancada na Câmara Federal, sendo superado apenas após a fusão entre o Partido Social Liberal (PSL) e o Democratas (DEM), dando origem ao partido União Brasil, atualmente com a maior bancada.
Portanto, apoiado no conhecimento do percurso histórico do partido, da sua força coletiva, da sua tradição e no brilhantismo e no carisma de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmo que o futuro está a nos dizer que vai dar PT, novamente.
É o que almejamos e pelo que trabalhamos.