Morre Francisco, o papa que valorizou a Amazônia
Nenhuma região simboliza melhor esse compromisso do que a Amazônia. Ela ocupou um lugar central em seu pontificado

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 21/04/2025 às 05:42 | Atualizado em: 21/04/2025 às 08:10
O mundo católico amanheceu de luto com a morte do papa Francisco (88 anos). Ele liderou a Igreja Católica como sucessor de Pedro desde 2013. Foi primeiro pontífice latino-americano da história.
Francisco faleceu nesta segunda-feira (21), no Vaticano, aos 88 anos, às 7h35 desta manhã (horário de Roma) pós um agravamento em seu estado de saúde.
O papa vinha sendo tratado há meses por uma condição respiratória crônica. Sua última aparição pública ocorreu neste domingo de Páscoa, quando, visivelmente fragilizado, abençoou os fiéis da sacada da Basílica de São Pedro.
Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, deixa um legado profundamente marcado pela defesa da justiça social, do meio ambiente e dos povos originários.
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A Amazônia no papado de Francisco
Nenhuma região simboliza melhor esse compromisso do que a Amazônia. Ela ocupou um lugar central em seu pontificado.
Em 2019, Francisco convocou o Sínodo para a Amazônia. Foi um encontro inédito que reuniu bispos, indígenas e lideranças sociais para discutir os desafios enfrentados pelos povos amazônicos e o futuro da floresta.
O evento representou um marco histórico, trazendo ao centro da Igreja temas como a destruição ambiental, os direitos dos povos originários e a presença da Igreja nas periferias do mundo.
Durante o sínodo, o Papa chamou a atenção global para o que classificou como “pecado ecológico”. Na ocasião, denunciou a exploração predatória da floresta e das populações que nela vivem.
Francisco também incentivou uma “Igreja com rosto amazônico”, capaz de dialogar com as culturas locais e agir como voz profética diante das injustiças socioambientais.
Cardeal da Amazônia
Outro gesto simbólico de seu pontificado foi a nomeação, em 2022, de Dom Leonardo Steiner como o primeiro cardeal da Amazônia.
Arcebispo de Manaus, Steiner se tornou a principal referência da Igreja na região. Dessa forma, fortaleceu a atuação pastoral junto aos povos ribeirinhos, indígenas e comunidades urbanas empobrecidas.
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Saúde frágil
Nos últimos meses, o estado de saúde do papa gerava preocupação. Em várias ocasiões, Francisco precisou cancelar agendas e apareceu em público com dificuldades de locomoção e fala.
Ainda assim, manteve-se firme em sua missão até os últimos dias. Na manhã do domingo de Páscoa, mesmo debilitado, dirigiu-se à sacada da Basílica de São Pedro para a tradicional bênção “Urbi et Orbi”, emocionando os fiéis com sua presença silenciosa.
O Vaticano ainda não divulgou detalhes sobre o funeral, que deve atrair chefes de Estado, líderes religiosos e milhões de fiéis de todo o mundo.
O legado de Francisco, no entanto, já está inscrito na história: foi o Papa que ousou sonhar com uma Igreja pobre para os pobres — e que deu à Amazônia um lugar de honra no coração da fé católica.
Foto: reprodução/VaticanNews