Chico Mendes puxa defesa da Amazônia do Caprichoso e Garantido aposta no povo
A terceira e última noite foi marcada pelos espetáculos com temas relevantes sobre a Amazônia e seus povos.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 30/06/2025 às 09:27 | Atualizado em: 30/06/2025 às 09:28
O Festival Folclórico de Parintins chegou ao fim na madrugada deste 30 de junho com apresentações dos bois Caprichoso e Garantido de forte mensagem de defesa da Amazônia e seus habitantes, espiritualidade e resistência cultural.
A terceira e última noite foi marcada pelos espetáculos com temas relevantes sobre a Amazônia e seus povos.
O boi Caprichoso abriu a noite com “Kaá-Eté – retomada pela vida”, que buscou unir estética e espiritualidade para defender a floresta e os povos que nela habitam.
O espetáculo começou com a imagem do seringueiro Chico Mendes projetada no chão do bumbódromo, simbolizando a luta pela preservação da Amazônia.
Em seguida, o boi surgiu em um formato de ‘homem-borboleta’, encantando o público.
A apresentação contou a lenda de Waurãga, deusa da mata, que se levanta contra invasores, trazendo à cena personagens como a cunhã-poranga Marciele Albuquerque, a mãe das mães, e um espírito representado na figura de uma cobra gigante.

A performance foi acompanhada por músicas impactantes, incluindo “Turbilhão azul”, e terminou com um ritual indígena de cura, realizado pelo povo yawanawá, que destacou a importância da conexão entre o corpo, a terra e a memória ancestral.
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Na sequência, o Garantido apresentou “Garantido, o boi do Brasil”, celebrando a diversidade cultural brasileira.
Sob a liderança do levantador David Assayag, a performance transformou o bumbódromo em um espaço que reverenciou os diversos bois do país, cada um representando ritmos e tradições únicas.
O amo JP Oliveira prestou homenagem ao cantor amazonense Chico da Silva com a toada “Vermelho”, enquanto a presença da Deusa das Águas, Iara, e outras divindades femininas reforçaram o papel vital da natureza e das mulheres em sua proteção.

Entretanto, o espetáculo do Garantido não foi isento de desafios, enfrentando problemas com alegorias que apresentaram partes inacabadas.
Mesmo assim, o evento seguiu sua tradição de celebrar a força das artesãs indígenas, culminando em rituais ancestrais, como o Bahsese do povo tukano, que buscou o equilíbrio entre corpo, espírito e a natureza.
Essas apresentações não apenas encerraram uma edição emocionante do festival, mas também ressaltaram a luta pela preservação cultural e ambiental na Amazônia, unindo os presentes em um clamor coletivo pela soberania da floresta e de seus habitantes.

Com uma mistura de música, dança e rituais, o festival de Parintins reafirma sua importância como um espaço de resistência e celebração da identidade amazônica.
Fotos: Arthur Castro (Caprichoso) e Alex Pazuello (Garantido)/Secom