Bumbás com ‘cara de caboclos’ fecham última noite de festival
Garantido e Caprichoso foram atrás de suas raízes parintinenses para a disputa da terceira noite

Da Redação, BNC Amazonas
Publicado em: 27/06/2022 às 07:31 | Atualizado em: 27/06/2022 às 07:54
O boi-bumbá Garantido finalizou, na noite deste domingo (26/06), sua participação no 55° Festival Folclórico de Parintins. Durante as três noites do festival, que teve início na última sexta-feira (24/6), o boi do povão apresentou o tema Amazônia do Povo Vermelho, homenageando aqueles que lutaram pela Amazônia e foram esquecidos pela história oficial: os negros, índios e caboclos.
Mas nessa última noite, o Garantido homenageou os seus mestres fazedores de folclore. Destaque emocionante para a celebração folclórica que homenageou o radialista Paulinho Faria, um dos maiores apresentadores do festival, junto de Israel Paulain.
O ato representou o próprio bumbódromo, as ruas de Parintins movimentadas durante o festival, com os triciclos carregando visitantes. O barco que atraca na ilha foi o ‘Paulinho Faria’, dedicado do apresentador, morto por complicações da covid-19, em 2021.

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Caprichoso fechou

O boi-bumbá Caprichoso encerrou a noite. No retorno histórico da festa após dois anos de suspensão do evento por conta da pandemia, o azul e branco trouxe o subtema “Amazônia-Festeira: o clamor da cura”, último ato do espetáculo “Amazônia: nossa luta em poesia”.
O espetáculo mostrou, nessa terceira noite, as raízes identitárias do boi Caprichoso, tendo homenageado o seu fundador, Roque Cid.
Na arena do Bumbódromo, o boi do bairro Palmares celebrou a arte do caboclo parintinense, que no contexto da temática da terceira noite, transformou sonhos e lutas em poesia.
Como Figura Típica Regional (item 15), o bumbá trouxe o “Brincador de Boi”, uma homenagem aos caboclos que cresceram participando das festas do Caprichoso como vaqueiros, marujeiros, artistas, tuxauas, bailarinos, brincantes ou torcedores.
No item 17, Lenda Amazônica, o Caprichoso apresentou “Pássaro Primal e o Nascer das aves”, mostrando a crença do povo Kayapó, do Parque do Xingú, de que a vida venceu a morte quando um gavião colossal algoz das aldeias foi martirizado ao lutar contra dois guerreiros gigantes.
No Ritual Indígena (item 4), o Caprichoso fez sua apoteose descrevendo “Yanomami Reahú – Festa da Vida-Morte-Vida”, com fundamentação nos contos do xamã e líder político da floresta, Davi Kopenawa. O momento de comunhão e luta pela terra-floresta foi marcado pela participação do líder indígena Yanomami, Dário Kopenawa.

O Caprichoso apresentou alegorias de acabamento luxuoso, com aparições de itens realizadas com impacto para os espectadores. Conseguiu por suas alegorias, cumprindo o roteiro, em duas horas, faltando trinta minutos para o encerramento do tempo oficial.
O boi da francesa aproveitou a meia hora restante para executar uma play list de toadas de torcida, voltadas fortemente para o apelo da empolgação. Proposta entendida pela torcida, que lotava o bumbódromo de Parintins, no lado destinado à galera azul e branca.

No final, a torcida saiu gritos de campeão, com a forte esperança de tirar o título do Garantido, campeão de 2019, último ano de realização do festival que vai, em 2023, para sua 56ª edição.
Realização
O Festival Folclórico de Parintins é realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC).
Além de investir R$ 5 milhões em cada agremiação para colocar o boi na arena, o Governo do Amazonas também montou uma megaestrutura com a participação de diversas secretarias, com 2 mil servidores estaduais envolvidos. O objetivo era garantir maior segurança para os brincantes.
A apuração do resultado do Festival 2022 ocorre nesta segunda-feira (27/6), no Bumbódromo de Parintins, com transmissão pela TV A Crítica.
Texto: SECOM editado por Arnoldo Santos
Fotos: Bruno Zanardo/SECOM