Artistas parintinenses restauram muro do bumbódromo

A poucos dias do Festival, painéis surrealistas ganham novas cores pelas mãos da Associação dos Artistas Plásticos de Parintins.

Juliana Oliveira, da Redação do BNC Amazonas em Parintins

Publicado em: 19/06/2025 às 12:21 | Atualizado em: 19/06/2025 às 12:39

Faltam oito dias para o festival folclórico que faz a ilha Tupinambarana tremer, e os preparativos estão a todo vapor. Quem passa pela avenida Nações Unidas vê um grupo de artistas plásticos restaurando o muro do bumbódromo onde os bois Caprichoso e Garantido vão se confrontar de 27 a 29.

Desde 2022, a Associação dos Artistas Plásticos de Parintins, em parceria com o Governo do Amazonas, faz o trabalho de restauração dos 22 painéis do bumbódromo dias antes do início das três noites do festival folclórico.

🌳🐾👁 Parintins, cidade dos painéis

O bumbódromo de Parintins foi inaugurado em 1988. Composto de 22 painéis, ilustra histórias tematizadas pelos bois-bumbás, como o mapinguari.

Os artistas utilizam tinta acrílica e spray para dar tons de luz ao alto relevo dos painéis surrealistas.

A restauração dos painéis é uma recriação artística. Os temas esculpidos em alto relevo nos painéis permanecem, mas suas cores mudam. Entretanto, a recriação das cores segue um padrão: tons azul na metade do bumbódromo que é do boi Caprichoso, e tons vermelhos na metade do boi Garantido.

Cada artista associado se dedica a restaurar um ou dois painéis do muro.

Alguns deles participaram da criação artística inicial na inauguração do bumbódromo. Outros estão trabalhando nos galpões dos bois-bumbás ou em painéis espalhados pela cidade.

Parintins é repleta de painéis. Até mesmo o muro do cemitério da cidade é uma grande tela artística.

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🎨 Celeiro de artistas

No ano passado, dez artistas parintinenses foram contemplados pela Lei Aldir Blanc como Mestres da Cultura Popular de Parintins. Dentre eles, Mateus Pereira, reconhecido como “Artesão da Cultura Popular de Parintins”.

A maioria dos artistas plásticos de Parintins é autodidata e começou a pintar em torno dos 12 anos de idade.

É o caso do mestre Evanil Maciel (70 anos), Roberto Santos (64), Mateus Pereira (50), Gilvan Martins (42), Clodoaldo Oliveira (48) e também de artistas mais jovens, como Cristiano Pimentel (18 anos).

A associação dos artistas foi criada nos anos 80 por um grupo de artistas. Hoje, tem sede localizada à avenida Amazonas, das principais na região central de Parintins. É coordenada por Aldamir Sateré-Mawé (presidente) e Clodoaldo Oliveira (vice-presidente).

Possui cerca de 600 artistas associados em atividade. O mais velho deles é o mestre Evanil, que ministra cursos para formar as novas gerações de artistas parintinenses.

Conforme o vice-presidente Oliveira, “Parintins é um celeiro de muitos artistas”, de todas as áreas, como teatro, dança, música e artes visuais.

Ele mesmo foi aluno do religioso Miguel de Pascale, que ministrava oficinas de artes plásticas e esculturas, e formou uma geração de artistas plásticos e escultores parintinenses responsáveis pelo aprimoramento estético dos bois-bumbás.

🤝 O festival reúne os artistas

Atualmente, os artistas da associação trabalham como arte-educadores em escolas ou universidades, em ateliês próprios e nos bois-bumbás, em atividades de esculturas, ferragens e movimentação das alegorias.

A associação serve para “representar” o artista, defender seus interesses, e garantir a organização dos artistas, mas também colabora na formação deles.

Além da entidade, em 2014, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) criou a licenciatura em artes visuais no campus de Parintins.

Conforme Oliveira, a ideia é que o artista possa complementar sua formação com as técnicas ensinadas na universidade. “Se não tiver técnica, fica fora do mercado de trabalho”.

A associação trabalha o ano todo. Além do festival folclórico, existem exposições de telas, concursos de cartazes, o aniversário da cidade, Natal, dentre outros eventos.

O festival marca o momento anual de reunião dos artistas associados, já que muitos deles trabalham fora de Parintins durante períodos do ano.

Fotos: Juliana Oliveira/especial para o BNC Amazonas