Tiago Botelho: uma nova racionalidade na política
Sua pré-candidatura ao Senado representa a construção e a implementação de um novo entendimento acerca da res publica

Neuton Correa, Aldenor Ferreira*
Publicado em: 21/05/2022 às 07:48 | Atualizado em: 21/05/2022 às 10:03
Este ano, um terço do Senado Federal será renovado e, para o bem da sociedade sul-mato-grossense, Tiago Botelho é pré-candidato, disputando uma vaga pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Para além das credenciais de docente, de seu notório saber jurídico, bem como de seu caráter ilibado, Tiago é, acima de tudo, a materialização de uma nova racionalidade na política. Para mim, sua pré-candidatura representa a construção e a implementação de um novo entendimento acerca da res publica.
Em 2017, por meio do seu pai, meu estimado amigo Ronaldo Botelho, conheci-o. Naquele ano, eu havia assumido a coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e o Tiago foi, por mais de uma vez, nosso parceiro nos eventos acadêmicos que realizamos no curso.
Em 2018, acompanhando a apuração dos votos na sua residência por todos os meios disponíveis, celebramos juntos a chegada de Fernando Haddad ao segundo turno das eleições presidenciais. Infelizmente, ali mesmo, três semanas depois, choramos juntos a derrota do candidato petista.
A tristeza naquele dia não vinha diretamente da derrota eleitoral em si, mas da certeza de que um futuro tenebroso chegaria – como de fato aconteceu. Tínhamos consciência de que o governo que tomaria posse a partir de 1º de janeiro de 2019 representaria o desmonte do Estado Democrático de Direito e de todas as conquistas civilizacionais da sociedade brasileira.
Especificamente para o estado de Mato Grosso do Sul, sabíamos que se intensificariam a perseguição e os crimes contra os povos indígenas, bem como a devastação acelerada de nossos biomas, a liberação acentuada de mais pesticidas nas lavouras, o fim da reforma agrária e outras atrocidades. O devir daquela eleição revelou exatamente isso.
O tempo passou, sobrevivemos à pandemia e chegamos ao ano de 2022. Com ele, veio a chance de revermos tudo isso. É importante, então, entendermos que a eleição deste ano é muito mais do que a escolha de representantes para os legislativos e os executivos estaduais e federal. Ela funcionará como um plebiscito: a sociedade terá de escolher entre a civilização e a barbárie.
Tiago Botelho, nesse sentido, representa a civilização. Ele é a negação da razão indolente, sendo, portanto, a materialização da razão cosmopolita, que visa “expandir o presente e contrair o futuro”, pois, só assim, “será possível evitar o gigantesco desperdício da experiência que sofremos hoje em dia”, conforme ensina Boaventura de Sousa Santos no texto A gramática do tempo:para uma nova cultura política (2006).
A disputa, portanto, por uma cadeira no Senado Federal no estado de Mato Grosso do Sul, em 2022, é, claramente, uma disputa entre cosmovisões totalmente antagônicas.
De um lado tem-se a representante do atual governo, coparticipe de todas as políticas e ações negacionistas de Bolsonaro, que afetaram diretamente os povos tradicionais do estado. De outro, tem-se Tiago Botelho, prestativo, colaborativo, defensor intransigente da ciência, do ensino público de qualidade, dos povos tradicionais e outras minorias, do meio ambiente e, acima de tudo, da democracia.
Recorrendo novamente à Boaventura de Sousa Santos no que tange aos pré-candidatos ao Senado Federal, trata-se, assim, de uma disputa entre os defensores da “razão indolente” e os defensores da “razão cosmopolita”, entre os representantes da “monocultura do saber” e os representantes da “ecologia dos saberes”, entre os defensores das “epistemologias hegemônicas do Norte” e os defensores das “epistemologias alternativas do Sul”.
Ainda, a disputa pela vaga no Senado Federal representa o confronto de racionalidades díspares.
Conforme lecionado por Enrique Leff no texto Ecologia, Capital e Cultura: racionalidade ambiental, democracia participativa e desenvolvimento sustentável (2000) e Saber Ambiental (2001) tem-se, hoje, “o confronto entre duas racionalidades, a econômica ou tecnológica, por um lado, e a ambiental, por outro.
“A primeira”, continua o sociólogo ambientalista mexicano, “se caracteriza por sua capacidade de destruição, de entropia, de degradação dos ecossistemas e da maioria da população, enquanto a segunda caracteriza-se por sua complexidade, por suas inter-relações sistêmicas, científicas, econômicas, sociais e políticas”.
Tiago Botelho é o legítimo representante da segunda racionalidade, porém, sua principal adversária nas eleições deste ano é a legítima representante da primeira racionalidade, uma racionalidade ambiental que é irracional, que polui, degrada e destrói os biomas sul-mato-grossenses.
Em 2022, os eleitores de Mato Grosso do Sul terão a oportunidade de escolher entre o novo e o velho, entre uma racionalidade socioeconômica do século XIX e a do século XXI, terão que decidir que tipo de desenvolvimento econômico querem para o seu estado.
Sabe-se que o agravamento das dificuldades sociais e ecológicas enfrentadas pelo estado em questão são também consequências/heranças do modelo de desenvolvimento adotado na região, que beneficiou o grande capital, mas que não fez a economia sul-mato-grossense protagonista das ações.
A região continua sendo periferia do capital, procurando um desenvolvimento mimético que apenas replica tecnologias e modos de vida de outras regiões do país e do mundo, modos de vida e tecnologias que são, em sua grande maioria, incompatíveis com os biomas da região, dos quais, o pantanal é o mais complexo e o mais frágil.
Diante do exposto, não me parece que a escolha a ser feita em 2 de outubro deste ano seja difícil. Tiago Botelho é um homem do século XXI, atento às mudanças que este século trouxe para a sociedade. É um homem honesto, um filho amoroso, um professor dedicado, um amigo leal e um incansável defensor dos direitos humanos, do meio ambiente e da cultura.
Portanto, a pré-candidatura de Tiago ao Senado Federal é o estabelecimento de uma nova nacionalidade na política, significando um sopro de esperança e de otimismo para toda a sociedade sul-mato-grossense.