Temos todos motivos para lutar pela vida e não matar
Não será uma turba de malfeitores que irá nos intimidar

Mariane Veiga, por Lúcio Carril
Publicado em: 13/07/2022 às 16:43 | Atualizado em: 13/07/2022 às 16:43
Quero iniciar esta crônica mandando um recado para a corja do mal: nós enfrentamos o fascismo e o nazismo no mundo. Fomos a base da resistência nas cidades e estivemos nas trincheiras com nossos irmãos e irmãs. Não será uma turba de malfeitores que irá nos intimidar. Em homenagem aos nossos mortos, continuaremos na resistência ao nazifascismo instalado no governo e sua quinta-coluna de traidores.
Dito isto, quero compartilhar com vocês, meus amigos, amigas, companheiros e companheiras, minha angústia com a situação social e cultural do nosso país. É uma angústia inquietante, que não acomoda, cujo sofrimento inspira luta e força para resistir.
Os últimos 5 anos têm sido de tragédia. Tragédia anunciada. Nós sabíamos, e avisamos, que o golpe de 2016 era contra a democracia e contra o Brasil. Que tinha dedo dos Estados Unidos e do grande capital de olho no pré-sal, na Amazônia e na Petrobras. Taí, foram seus primeiros alvos. Ainda durante o governo Dilma os EUA estavam, sorrateiramente, espionando a nossa petrolífera, conforme mostrou o WikiLeaks. O golpe foi o passo seguinte.
E tudo vem piorando. Tudo se agravou. Estão vendendo todo nosso patrimônio. Acabaram com a aposentadoria, com os direitos trabalhistas e hoje se voltam contra a educação e a saúde. Vocês já imaginaram a gente sem o SUS? O acesso à universidade já foi cortado para os trabalhadores, com a falta de investimento no Fies e a desqualificação dos programas de seleção.
Como se não bastasse o total desmonte do serviço público e a política lesa-pátria do traste que está no governo, há uma política de geração da violência. Nada de surpreendente, já que foi eleito com uma única bandeira: liberação das armas. Está feito. O problema é que sua ascensão ao poder deu força a inúmeras hordas de fanáticos, violentos, criminosos. Acham que agora pode o crime porque seu presidente disse que agora pode o crime. Estão estuprando, matando, espancando, destruindo tudo que se identifique com a civilização. É um ataque contra a cultura e contra a vida.
Temos um país com 33 milhões de brasileiros passando fome e outros 70 milhões em insegurança alimentar (só fazem uma refeição por dia e não sabem se comerão no dia seguinte). Temos os piores índices escolares de décadas. Temos a volta de doenças erradicadas por recusa à vacina – uma prática criminosa do presidente da república. Estamos com os piores indicadores sociais e econômicos da América do Sul e mesmo assim um lunático resolve invadir uma festa e matar um pai de família. Não seria mais lógico ele direcionar seu ódio contra o desemprego e a fome e com um lampejo de consciência distribuir cestas básicas e sair às ruas nas manifestações por trabalho e comida?
É isso que me angustia e me causa indignação. É o apoio doentio e alienado ao que há de pior no nosso país, enquanto há motivo para boas práticas em defesa da vida e da dignidade humana.
Eles são muitos, mas nós somos maiores, em tudo. Já vencemos muitas barreiras e logo vamos retomar o caminho do bem e da esperança. É por isso que minha angústia se irmana com o amor e caminho de mãos dadas com meus companheiros e minhas companheiras, até a vitória final.
O autor é sociólogo.
Foto: Reprodução