Pitacos e desabafos
Às vezes tenho ímpetos de chutar o pau da barraca, mandando às favas ideário, brasilidade e o nortedestinidade, em conjunturas onde a ética se encontra escamoteada até por alguns mandatários que abrigam sogras em apartamentos funcionais. Mas logo volto a querer seguir adiante, quando releio Harold Kusher, Nilton Bonder, Paulo de Tarso, Rubem Alves e Paulo Freire, o primeiro sendo autor de uma reflexão-vacina:
“Se o sentimento de nossa identidade depende da popularidade e da opinião que as outras pessoas têm de nós, estaremos sempre sujeitos a essas outras pessoas. A qualquer momento, elas poderão puxar o tapete sob nossos pés”.
Defino o ser humano como um ser histórico, situado e datado, muito embora nunca acabado, sentindo-se metamorfose ambulante, como dizia o baiano Raul Seixas. Ele não é apenas um ser no mundo, mas um ser em permanente interação com o mundo, modificando e sendo modificado, condutor e conduzido, mutante porque capaz de questionar e ser questionado.
Daí minha estupefação quando me deparo com pessoas de caráter amorfo, desejando ser boazinhas para com todos, olhos fixos nas vantagens, sempre adeptas das pompas bizarras e dos fingimentos porcalhões.