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reciprocidade

Mãe

Todos os amores são vitais e indispensáveis. Se não, como explicar a sensação de morte, quando eles se vão? Mas esses amores, que quando eclodem, mudam nossos referenciais, e na alucinação de cada descoberta nos transformam outra vez em adolescentes inseguros e sonhadores, esses amores são todos condicionais. Eles dão, mas cobram reciprocidade, e só não pedem comprovante porque ainda não se elaborou um formulário adequado para isso. E cada descumprimento deste contrato não escrito implicará uma sentença oscilando entre a indiferença e o ódio, que só os otimistas e os ingênuos não percebem que é a mesma coisa.

Esse amor por ser assim condicional, e depender da facilidade de seus pobres atores, tem uma escassa chance de ser intenso e duradouro, porque quanto mais intenso, menos espaço concederá ao perdão. Provavelmente por isso, quando os grandes amores terminam, não sobra nada, e podem desconfiar da intensidade de um amor que acabou numa grande amizade. Ou não era amor, ou não era tão grande, ou tem alguém ainda amando em segredo, na expectativa desesperada de que o outro, por favor, perceba isso.