Semana Santa do passado
Os anos passaram na poeira do tempo. Os olhos cansados de prolongada vigília pouco enxergavam no entardecer. Vozes fugidias e barulhos furtivos que se misturavam ao chilrear dos pássaros. Nas asas da memória vultos apagados ganhando formas que rápido feneciam na mágica nostalgia do retornar. Na curva fechada, o bonde na curva da morte na Cachoeirinha, onde moravam meus avós, dos pullman, vagões luxuosos, aos lorés de bancos rústicos de madeira, esvoaçam imagens de ontem que são levadas por nuvens passageiras. O homem adulto que se perdia na vaga névoa das recordações.
Como seria bom que as lembranças da infância – rostos queridos, tímidos sorrisos e paisagens bucólicas – se perpetuassem envoltas em luzes crepusculares, banhadas de raios de lua, aquecidas pelo sol nascente que esplende e ilumina musgos e pedrarias.