Onde Moro entra na trama da execução de Marielle? Witzel diz

Conheça os detalhes sobre a investigação do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, envolvendo depoimento do porteiro e acusações contra Bolsonaro e Sergio Moro.

Diamantino Junior

Publicado em: 25/07/2023 às 15:29 | Atualizado em: 25/07/2023 às 15:29

Na investigação sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, um dos pontos obscuros é a mudança repentina no depoimento do porteiro do condomínio onde moram Ronie Lessa, apontado como o assassino, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na primeira vez que falou à polícia, o homem (que tem o nome mantido em sigilo por segurança) disse que, no dia do crime, Élcio de Queiroz, que dirigiu o carro no momento do homicídio, foi à portaria e pediu para interfonar ao número 58, casa de Bolsonaro, e que “seu Jair” teria autorizado a entrada. Depois, em depoimento à Polícia Federal (PF), ele disse que se enganou.

Acusação de Coação por Wilson Witzel

O ex-governador do Rio à época, Wilson Witzel, avalia que o porteiro foi coagido. Segundo ele, o ministro da Justiça, Sergio Moro (União Brasil-PR), abriu uma investigação contra uma testemunha-chave, o que considera coação.

Witzel relata os prejuízos que a iniciativa de Moro causou à investigação, alegando que o porteiro se calou após a ação do possível investigado, Bolsonaro. Além disso, a central de mídia do condomínio foi subtraída, e o procurador-geral da República se omitiu.

Quebra da Cadeia de Custódia da Prova

Posteriormente, um laudo da Polícia Civil concluiu que a voz do porteiro que liberou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz não era a mesma que mencionou Bolsonaro aos investigadores da Delegacia de Homicídios. Para o ex-governador Witzel, o fato de Bolsonaro ter levado a central de comunicação do condomínio caracteriza uma quebra da cadeia de custódia da prova e acredita que tudo fica contaminado a partir de então.

Defesa do Afastamento de Augusto Aras

Witzel defende o afastamento de Augusto Aras para que o episódio seja elucidado. Ele considera inadequado que o procurador-geral da República deu prosseguimento à requisição de abertura de um inquérito por calúnia contra o presidente. Um dos envolvidos, Aras, ainda está no cargo, e Witzel acredita que para esclarecer toda a situação, ele precisa ser afastado.

Mudança de Postura de Bolsonaro

Quando a imprensa publicou o depoimento em que o porteiro dizia que Élcio de Queiroz procurou por Bolsonaro, o ex-presidente acusou Witzel de ser o responsável pelo vazamento. Desde então, Bolsonaro, que foi aliado de Witzel na eleição de 2018, passou a apoiar o processo que acabaria por tirá-lo do poder. Bolsonaro apoiou o impeachment com declarações antecipando a suposta prisão de Witzel, o que nunca aconteceu.

Situação da Apuração Policial

Witzel conta que quando assumiu o estado, a apuração policial estava paralisada. Ele sugeriu a prisão dos executores do assassinato de Marielle, prevendo a delação de um deles. A partir daí, as investigações prosseguiram e surgiu o depoimento do porteiro. No entanto, Witzel relata que, a partir desse ponto, começou a ser fortemente perseguido.

Abstenção de Críticas aos Generais

Witzel evita criticar o general Walter Braga Netto, responsável pela intervenção federal na segurança pública do Rio na época do assassinato de Marielle, e o general Richard Nunes, que foi o encarregado da secretaria de Segurança Pública. Ele considera que eles não entendem do processo penal e da segurança pública, devido à formação e experiência diferentes dos oficiais do exército e da PM.

Impeachment de Witzel

Wilson Witzel foi eleito governador do Rio em 2018, mas sofreu impeachment em abril de 2021, por decisão unânime dos cinco deputados e dos cinco desembargadores do Tribunal Especial Misto.

Defesa de Lessa

Procurada pelo UOL, a defesa de Ronie Lessa nega que ele tenha assassinado a vereadora Marielle e diz que o ex-PM estava assistindo a um jogo do Flamengo contra o Emelec, do Equador, no momento do crime.

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil