Trump, com medo da desdolarização, ataca aos Brics com taxação

Presidente dos EUA criticou a tentativa do Brics de reduzir a dependência do dólar, ameaçando tarifas de 100% sobre os países do bloco para manter a supremacia econômica dos EUA.

Diamantino Junior

Publicado em: 13/02/2025 às 16:35 | Atualizado em: 13/02/2025 às 16:39

A crescente influência do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e a possibilidade de uma moeda comum entre seus membros têm causado apreensão nos Estados Unidos. O presidente Donald Trump, ao perceber o risco de perder a hegemonia do dólar, reagiu com ameaças diretas. Nesta quinta-feira (13/2), ele declarou que qualquer negociação nesse sentido pode resultar em tarifas de pelo menos 100% sobre os países do bloco.

O Brics, que recentemente expandiu sua composição fixa para dez membros com a inclusão de Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, tem buscado formas de reduzir a dependência do dólar.

A chamada desdolarização visa diminuir a influência dos EUA sobre as transações internacionais, um fator que, segundo líderes do bloco, confere ao país norte-americanos uma vantagem estratégica desproporcional.

A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, já criticou o que chamou de “uso do dólar como arma”, destacando que essa prática permite aos EUA imporem sanções unilaterais e influenciarem o comércio global mesmo sem envolvimento direto.

Trump e o poder do dólar como instrumento de controle

A resposta de Trump às movimentações do Brics deixa claro o receio de que o domínio financeiro dos EUA seja abalado.

A economia estadunidense tem se sustentado como principal referência internacional devido ao status do dólar como moeda de reserva global.

Se o Brics avançar em um sistema alternativo, a capacidade dos EUA de impor sanções e controlar mercados será enfraquecida.

A expansão do bloco e o crescimento de sua participação na economia mundial reforçam a relevância do debate.

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Hoje, os países do Brics detêm 31,5% do PIB global e abrigam 45,2% da população mundial, um peso econômico e geopolítico que os EUA não podem ignorar.

O confronto entre Washington e os Brics promete se intensificar nos próximos anos, e a questão da desdolarização pode redefinir as relações econômicas internacionais.

Foto: Alan Santos /PR