Suicídio e mutilação entre jovens no país crescem e assustam, aponta Fiocruz
Estudo mostra crescimento preocupante na taxa de suicídio entre jovens brasileiros, evidenciando desafios no acesso aos serviços de saúde mental e desigualdades sociais.

Diamantino Junior
Publicado em: 20/02/2024 às 13:32 | Atualizado em: 20/02/2024 às 13:47
Um estudo realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia, em colaboração com pesquisadores de Harvard, revelou um aumento preocupante na taxa de suicídio entre jovens de 10 a 25 anos no Brasil.
Entre 2011 e 2022, a taxa cresceu a uma média de 6% ao ano, enquanto os casos de autolesões nessa faixa etária registraram um aumento ainda mais alarmante, de 29% ao ano.
Os dados, obtidos a partir de registros do Sistema Único de Saúde (SUS), foram recentemente publicados na revista científica The Lancet Regional Health – Americas.
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Surpreendentemente, os índices de suicídio e autolesão entre jovens superaram os observados na população em geral, com aumentos médios de 3,7% e 21% ao ano, respectivamente.
Desigualdades sociais e acesso aos serviços de saúde
O estudo também destacou uma análise com recorte étnico, revelando um aumento de casos de autolesões em toda a população, incluindo indígenas, pardos, descendentes de asiáticos, negros e brancos. Os povos originários foram os mais afetados, com uma taxa alarmante de 100 casos a cada 100 mil pessoas.
Apesar do maior número de notificações, a população indígena apresentou as menores taxas de hospitalização, sugerindo barreiras de acesso aos serviços de urgência e emergência.
A pesquisadora Flávia Jôse Alves, líder da investigação, aponta que essas barreiras estão ligadas às desigualdades sociais.
Impacto da pandemia e desafios futuros
Contrariando expectativas, a pandemia de covid-19 não parece ter impactado significativamente esse cenário, conforme concluiu o levantamento.
Outros estudos já relataram que as taxas de suicídio se mantiveram estáveis durante o período da pandemia.
Isso evidencia que o aumento persistente das taxas está relacionado a fatores estruturais, como desigualdades sociais e transtornos mentais.
Os resultados do estudo ressaltam a urgência de políticas e estratégias voltadas para a prevenção do suicídio e o apoio à saúde mental dos jovens brasileiros, especialmente diante do cenário de aumento alarmante desses casos ao longo do tempo.
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Foto: ilustrativa Pixabay