Bolsonarista entra na disputa pela presidência do Senado

Embora haja forte apoio em torno da candidatura de Pacheco, o surgimento de um desafiante competitivo abre a batalha pelo comando da Casa

Publicado em: 10/12/2022 às 15:00 | Atualizado em: 10/12/2022 às 11:46

Após o amplo acordo que praticamente sacramentou a recondução de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara dos Deputados — com o embarque de siglas que vão do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro —, as atenções se voltam para a disputa ao Senado, que deve ser muito mais quente.

Ali, ao que tudo indica, haverá disputa pela cadeira de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tentará a reeleição em fevereiro de 2023.

Vitaminado pelo bom desempenho nas urnas, o PL, dono da futura maior bancada, com 14 parlamentares, lançou nesta semana o senador eleito Rogério Marinho (RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional e aliado de primeira hora do presidente da República.

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Embora haja forte apoio em torno da candidatura de Pacheco, o surgimento de um desafiante competitivo abre a batalha pelo comando da Casa e deve disparar um movimento de reacomodação de forças na instituição, que renovou um terço de seus membros em 2022.

A candidatura de Marinho é o desfecho de uma estratégia eleitoral desenhada por Bolsonaro. Ele faz parte do pacote de ex-ministros apoiados pelo presidente ao Senado, entre os quais nada menos que cinco foram bem-sucedidos: além dele, Tereza Cristina (PP-MS), Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP) e Jorge Seif (PL-SC).

Próximos a esse grupo estão Sergio Moro (União-PR), também ex-ministro, mas que não foi apoiado por Bolsonaro, e o vice Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

A chegada de parte expressiva do primeiro escalão do governo era a cartada de Bolsonaro para conseguir maioria no Senado, que lhe rendeu vários dissabores durante o mandato. O maior deles foi a instalação da CPI da Pandemia, que ofereceu palco diário para a oposição criticar a gestão da crise sanitária.

A Casa também impôs dificuldades na tramitação de projetos e até em negociações aparentemente simples, como a confirmação de André Mendonça ao STF — o agora ministro tomou “chá de cadeira” de cinco meses.

Por ironia, o primeiro presidente da República derrotado ao tentar a reeleição acabou sendo vitorioso em seu plano para o Senado. Quem pode se beneficiar dessa herança agora é Marinho.

Há dois pontos, no entanto, que tornam pantanoso o terreno no qual se dará a eleição. O primeiro é que o Senado está fragmentado: quase um terço esteve ao lado de Bolsonaro na campanha; um contingente parecido caminhou com Lula e o restante não apoiou ninguém.

O segundo ponto é que os parlamentares têm grande autonomia para definir o voto. Há casos em que não cravam sequer o nome do candidato do próprio partido, como ocorreu com Simone Tebet em 2021, quando parte do MDB, a maior bancada, optou por Pacheco.

Leia mais na matéria de Laísa Dall’Agnol e Diogo Magri no site da revista Veja

Foto: Jonas Pereira/Agência Senado