Seca dos rios no Amazonas antecipa férias coletivas na ZFM
A escassez de chuvas na Amazônia resulta em férias coletivas em indústrias, afetando a produção e o abastecimento na região.

Diamantino Junior
Publicado em: 23/10/2023 às 09:18 | Atualizado em: 23/10/2023 às 09:18
A partir da próxima segunda-feira (30/10), um período de férias coletivas se inicia, com duração de cinco a 20 dias, em cerca de 33 indústrias na Zona Franca de Manaus (ZFM), conforme informado pelo Sindicado dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindimetal-AM). De acordo com Valdemir Santana, presidente da entidade, entre 15 mil e 17 mil profissionais serão afetados por essa pausa nas atividades. As férias coletivas, que tradicionalmente ocorrem no início de dezembro, foram antecipadas devido à alta demanda, principalmente por motos, ar-condicionado e TVs, e à seca mais intensa do que o previsto pelo setor.
Santana afirma que as ameaças de falta de abastecimento para a Black Friday e o Natal não serão um problema, apesar da parada técnica na maior polo industrial do Brasil. Ele destaca que a previsão é de que o material chegue entre sete e dez dias.
O descompasso entre a produção e a demanda se deve à mudança nas projeções de crescimento este ano, que subiram de cerca de 1% para aproximadamente 3%.
Lúcio Flávio Morais de Oliveira, presidente executivo do CIEAM (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), acredita que a situação será normalizada em quinze dias e não vê impacto significativo na Black Friday.
Férias coletivas são comuns como medida de gestão para equilibrar a linha de produção e não abrangerão todas as indústrias.
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Por outro lado, a seca na região do Amazonas vem afetando as operações há mais de um mês, segundo a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac).
As empresas não estão fazendo reservas de contêineres para a região, resultando em dificuldades de transporte de carga. A estiagem, causada por fatores como o El Niño, deve persistir até maio de 2024.
A Abac destaca que as maiores vítimas são a população e as empresas da região, que enfrentam escassez de produtos e custos mais elevados.
A falta de divulgação de informações oficiais de batimetria em trechos críticos piora a situação.
O setor reivindica dragagem em pontos críticos e manutenção do calado para navegação durante todo o ano.
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Foto: Ronaldo Siqueira/Especial para o BNC Amazonas