Ricaços na briga para a garantir o deles e manter conta para classe média

Elite financeira se mobiliza para barrar taxação e manter a classe média pagando mais impostos.

Ricaços

Bruna Lira, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 20/03/2025 às 15:30 | Atualizado em: 20/03/2025 às 15:30

A proposta do governo federal de isentar do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil irritou os mais ricos. O governo pretende compensar a renúncia fiscal tributando rendimentos isentos acima de R$ 50 mil por mês. A medida afetaria cerca de 141 mil contribuintes do topo da pirâmide. No entanto, o mercado financeiro já se mobiliza para barrar a mudança.

A consultoria Warren Investimentos calcula um rombo de R$ 4,3 bilhões na arrecadação. O economista-chefe da empresa, Felipe Salto, critica os números do governo. “A expectativa com a compensação está superestimada e os custos da isenção subestimados”, afirmou. A consultoria cobra mais transparência nos cálculos para reduzir o risco fiscal.

Governo quer aliviar a classe média, mas ricos reagem

A equipe econômica do governo sustenta que a proposta é fiscalmente neutra. Além da isenção para quem ganha até R$ 5 mil, também haverá descontos para rendas entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a medida. “Este é um projeto neutro. Não vai aumentar um centavo na carga tributária da União”, garantiu. Ele reforçou que a taxação dos mais ricos cobrirá as isenções da classe média.

O setor financeiro, porém, não se convence. As projeções da Warren Investimentos indicam que a arrecadação extra dos mais ricos não compensará totalmente a perda com a isenção. A consultoria estima que o governo abriria mão de R$ 34 bilhões em impostos. Desse total, R$ 27,2 bilhões vêm da isenção até R$ 5 mil, R$ 6 bilhões da isenção parcial até R$ 7 mil e R$ 0,9 bilhão do impacto progressivo sobre outras faixas de renda.

A conta vai fechar?

O governo prevê arrecadar R$ 29,7 bilhões tributando os mais ricos. A alíquota mínima para residentes garantiria R$ 22 bilhões, enquanto a taxação de dividendos remetidos ao exterior somaria R$ 7,7 bilhões. Porém, no cálculo da Warren, a conta não fecha. O déficit final seria de R$ 4,3 bilhões, desmentindo a promessa de equilíbrio fiscal.

Na disputa entre governo e mercado financeiro, o impasse continua. Enquanto a equipe econômica garante que os mais ricos pagarão a conta, especialistas alertam para um rombo fiscal. No meio desse embate, quem ganha até R$ 5 mil espera ansioso: a isenção será aprovada ou o lobby do andar de cima vai vencer?

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Foto: divulgação