População envelhece e faz pressão na saúde e previdência
O Brasil enfrenta um rápido envelhecimento populacional, impactando a saúde e a previdência devido ao aumento de idosos e à diminuição de jovens.

Diamantino Junior
Publicado em: 27/10/2023 às 12:48 | Atualizado em: 27/10/2023 às 12:48
O envelhecimento da população brasileira está se acelerando a uma taxa impressionante, e esse fenômeno coloca uma pressão crescente nos sistemas de saúde e previdência do país.
Os mais recentes dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (27/10) revelam que a parcela de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil atingiu 10,9% da população, representando um aumento recorde de 57,4% em relação aos números de 2010, quando os idosos compunham 7,4% do total.
A informação é do Estadão.
Essas estatísticas recém-divulgadas, detalhadas por idade e gênero, também demonstram que a idade mediana da população aumentou em seis anos desde 2010, atingindo 35 anos em 2022.
Além disso, o índice de envelhecimento também subiu, com 55 idosos para cada grupo de 100 crianças, em comparação com 30 em 2010.
No entanto, ao mesmo tempo em que a população idosa cresce, o número de crianças, com idades entre 0 e 14 anos, diminuiu de 24,1% em 2010 para 19,8% em 2022, uma queda de 12,6%.
Esse fenômeno transforma a tradicional pirâmide demográfica do país em algo mais semelhante a uma ânfora, destacando que a maioria da população encontra-se na meia-idade.
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Essa mudança demográfica evidencia o início do fim do bônus demográfico, onde a proporção de jovens (a população economicamente ativa) é maior do que a de idosos e crianças, impulsionando o crescimento econômico.
No entanto, a perda desse bônus demográfico já se manifesta, uma vez que a população idosa está crescendo rapidamente, exercendo uma pressão cada vez maior sobre os gastos com saúde e previdência social. Esse impacto será sentido de forma mais significativa a partir de 2030.
As regiões Norte e Nordeste do Brasil continuam sendo as mais jovens, com 25% e 21% de suas populações, respectivamente, com idade inferior a 14 anos.
Por outro lado, as regiões Sudeste e Sul têm as maiores proporções de idosos, com 12%.
A idade mediana também reflete essa disparidade, variando de 26 anos em Roraima a 38 anos no Rio Grande do Sul.
A principal razão para o envelhecimento populacional é a queda acentuada da taxa de fecundidade, que tem relação com fatores econômicos e de gênero. À medida que a sociedade se urbaniza e industrializa, o custo de criar filhos aumenta, levando as pessoas a terem menos filhos e a buscar uma melhor qualidade de vida para eles.
Além disso, mais mulheres optam por focar em suas carreiras, adiando a maternidade ou até mesmo decidindo não ter filhos, o que também contribui para a redução da taxa de fecundidade.
Em 2022, o Brasil também se tornou mais feminino, com 51,5% da população sendo composta por mulheres.
As chamadas “causas externas”, como acidentes graves e violência urbana, que afetam mais homens do que mulheres, explicam essa diferença.
A proporção de homens diminui à medida que o tamanho da população dos municípios aumenta, com as cidades menores tendo mais homens do que as cidades maiores.
O Censo 2022 revela um panorama demográfico em constante evolução, com implicações significativas para a sociedade e o governo.
À medida que a população envelhece e as proporções de jovens diminuem, as políticas de saúde e previdência social enfrentarão desafios cada vez maiores para atender às necessidades dessa população em transformação.
Foto: pexels