Professor está no limite, aponta pesquisa da UFMG

Neste domingo é comemorado o Dia do Professor. Leia o resultado da pesquisa

Professor está no limite, aponta pesquisa da UFMGProfessor está no limite, aponta pesquisa da UFMG

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 15/10/2023 às 10:42 | Atualizado em: 15/10/2023 às 10:42

Uma pesquisa publicada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que a atividade do professor é uma das mais estressantes.

Neste Dia do Professor, para além de um dia de descanso e honras, a celebração também demanda maior valorização do trabalho dos educadores.

Segundo reportagem de Clara Mariz, do Estado de Minas, essa atividade, a cada dia, tem sido responsável por causar o adoecimento físico e mental de docentes.

Por exemplo, entre os principais fatores para o agravamento da situação estão a falta de reconhecimento, salários baixos, altas demandas, intimidação e assédios.

Assim, ela destaca que, no rol do adoecimento, o estudo lista transtornos mentais comuns

  • como ansiedade, depressão e sofrimento emocional;
  • dores musculoesqueléticas na região lombar, ombros, braços e pernas;
  • e Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, que provoca sintomas mentais e físicos.

Da mesma forma, a pesquisa identificou que as doenças estão associadas principalmente ao baixo apoio social, carga elevada de trabalho, altas demandas, baixo controle no trabalho, clima organizacional, ambiguidade de papéis, condições estressantes, desequilíbrio entre esforços e recompensa, baixo apoio da família, demandas relacionais – professor, pais, alunos –, intimidação e a segurança no trabalho.

Os professores estão expostos a questões de ruídos e de doenças vocais. E a outros fatores como o salário baixo, a falta de apoio social, de segurança e de valorização do trabalho. Se o professor trabalha em uma área vulnerável, ele pode estar mais suscetível a questões de violência, por exemplo, pontua Nayara Ribeiro Gomes, pesquisadora responsável pelo levantamento e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiológicas da UFMG.

Apesar de o estudo ter sido feito entre 2022 e 2023, os dados apontados se assemelham, e muito, com outro levantamento, publicado pela primeira vez em 1999, nota o professor e pesquisador em Educação Carlos Roberto Jamil Cury.

Condições de trabalho

Além disso, ele indica que o adoecimento de professores não é uma pauta nova. De acordo com o especialista, as condições de trabalho são o principal desencadeador do adoecimento de profissionais da área.

A pesquisa da UFMG, de certo modo, confirma os elementos que compõem esse combinado de fatores pelo qual os professores chegam ao adoecimento. O primeiro deles são as condições de trabalho. Elas variam muito de cidade para cidade, principalmente se pensarmos em municípios maiores, como Belo Horizonte, e os compararmos com menores, como Soledade de Minas. E tem também uma variabilidade com relação às etapas da educação básica, afirma Cury.

Ele cita ainda o desequilíbrio entre esforço e recompensa – ou seja, trabalho e salário – como causa de afastamentos.

“Muitos professores trabalham em mais de uma escola para recompor a renda familiar. E isso leva ao adoecimento”, explica.

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