Ex-chefe da PRF tinha estudo de locais onde Lula era mais votado
Relatórios de inteligência apontam possíveis crimes como obstrução do voto e violência política. A operação "Constituição Cidadã" também envolveu a Corregedoria-Geral da PRF e interrogou policiais rodoviários federais em vários estados.

Diamantino Junior
Publicado em: 09/08/2023 às 14:17 | Atualizado em: 09/08/2023 às 14:17
A investigação conduzida pela Polícia Federal (PF), que resultou na prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), teve início a partir de uma denúncia feita por um servidor lotado na Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça durante as eleições do ano passado, na gestão de Anderson Torres.
O analista especializado em crimes cibernéticos foi responsável por elaborar um relatório de inteligência contendo dados de votação do primeiro turno das eleições entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) no ano anterior.
Em depoimento à PF, ele revelou que a ordem para a elaboração do relatório partiu da diretora Marília Alencar, sua chefe imediata, o que o levou a desconfiar da demanda e acionar a PF.
Segundo Marília, em seu testemunho à PF, o propósito do documento, a pedido de Torres, era investigar indícios de compra de votos em regiões de alta votação.
Ela afirmou ter entregado o relatório a Torres durante uma reunião que também contou com a presença de outros servidores.
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Marília alega que acredita que Torres tenha ficado com a planilha, que incluía informações sobre ambos os candidatos. No entanto, Torres nega ter interferido nas eleições, utilizado os documentos ou comprometido a autonomia da PRF.
Baseada nos relatórios, a PF está investigando a possibilidade de terem sido realizadas blitz no Nordeste com o intuito de impedir a votação de eleitores em áreas onde Lula poderia ter vantagem.
Após depoimentos de várias testemunhas desde janeiro, a PF acumulou evidências que culminaram na operação realizada nesta quarta-feira, resultando na prisão de Silvinei Vasques. Ele foi detido em Florianópolis e será transferido para Brasília.
A operação, chamada de “Constituição Cidadã”, envolveu mandados de busca em diversos estados e também contou com a participação da Corregedoria-Geral da PRF, que interrogou 47 policiais rodoviários federais.
De acordo com a PF, os supostos crimes investigados na operação incluem prevaricação, violência política, impedimento ou obstrução do exercício do voto, além de ocultação, sonegação ou recusa de fornecimento de serviços durante o dia das eleições, conforme estabelecidos pelo Código Penal Brasileiro e o Código Eleitoral Brasileiro.
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Foto: Fábio rodrigues Pozzebom/Agência Brasil