Prevent Senior é acusada de deixar idosa morrer de covid

Diamantino Junior
Publicado em: 18/10/2021 às 12:27 | Atualizado em: 18/10/2021 às 12:31
O escritor e jornalista Gilberto Nascimento (63), afirma que médicos da unidade hospitalar da Prevent Senior, localizada no bairro do Paraíso, em São Paulo, se recusaram a manter o tratamento de sua mãe. Vítima da covid-19, a aposentada Terezinha de Jesus morreu no dia 24 de março deste ano, aos 87 anos de idade.
“O hospital recusava-se a continuar a mantê-la em tratamento, alegando que ela já era muito idosa. Deixaram minha mãe morrer”, diz Nascimento.
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Ainda de acordo com Nascimento, a empresa não entregou o prontuário médico de sua mãe, mesmo depois de encerrado o prazo de entrega.
A Prevent Senior afirma que “o tratamento prescrito à senhora Terezinha de Jesus foi feito em comum acordo com familiares.”
Investigações sobre a Prevent Senior
No dia 28 de setembro, a advogada Bruna Morato, representante legal de 12 médicos que fizeram denúncias contra a Prevent Senior, disse em depoimento à CPI da covid, que a operadora de saúde implementou uma política interna de “coerção”, e que os profissionais de saúde acabaram receitando o chamado “kit covid” por medo de sofrerem retaliações, inclusive demissão.
A advogada também levantou a suspeita de que a Prevent Senior implementou uma política de deixar os mais idosos perecerem da doença. A prática foi resumida numa frase: “Óbito também é alta”.
O Ministério Público de São Paulo criou uma força-tarefa para investigar as denúncias contra a Prevent Senior. A Câmara Municipal de São Paulo instalou uma comissão que tem o objetivo de apurar supostas irregularidades fiscais e violações éticas da Prevent Senior na capital paulista, como uma suspeita de subnotificação do número de casos de contaminação de covid-19 e de óbitos causados pela doença.
Relato de Gilberto Nascimento
“Minha mãe, Terezinha de Jesus, dona de casa, vítima de covid-19, morreu em um hospital da rede Prevent Senior, no dia 24 de março de 2021. Ao menos em dois momentos, o hospital, por meio de seus médicos, afirmou que não valeria a pena mantê-la em tratamento, alegando que seria muito idosa. Isso quando toda a milionária propaganda da Prevent Senior é voltada para o atendimento, ou suposto atendimento, de pessoas idosas.
Com suspeitas de contaminação por covid, minha mãe recebeu o “kit covid” em casa, sem passar por qualquer consulta. Porém, eu a encaminhei para o hospital antes de esses medicamentos ineficazes chegarem. Minha irmã, Elisabete de Jesus Nascimento Malavolta, havia tentado antes uma consulta por telemedicina, mas desistiu ao constatar que apenas atendentes —e nunca um médico—, ouviam os relatos dos pacientes e, em seguida, enviavam por meio de um motoboy os tais remédios.
No dia 20 de fevereiro (sábado), no início da madrugada, minha mãe deu entrada na unidade da Prevent Senior no bairro da Mooca. A primeira coisa que eu disse para o médico que a atendeu foi que não lhe desse de forma alguma hidroxicloroquina ou outro desses medicamentos ineficazes. Ele confirmou que esses remédios faziam parte do protocolo do hospital, mas disse não havia prescrito. Tive de confiar na sua fala.
Defesa da Prevent Senior
“A Prevent Senior esclarece que o tratamento prescrito à senhora Terezinha de Jesus foi feito em comum acordo com familiares. No dia 19 de fevereiro foi atendida por uma médica, por telemedicina, e a família orientada que em caso de piora deveria ir diretamente a um pronto-socorro, como ocorreu no dia seguinte.
Todas as informações sobre a internação da paciente são protegidas por sigilo legal relativo ao prontuário médico. Os familiares podem divulgar o prontuário, que comprovará que todas as condutas necessárias foram adotadas, inclusive durante o período de intubação. Sobre o relato de que paciente ficou “amarrada”, na realidade trata-se de contenção mecânica, procedimento padrão adotado quando os pacientes ficam muito agitados.
A Prevent Senior está à disposição de todos os órgãos fiscalizadores para dar todos os esclarecimentos.”