Por trás da ‘motociata’ de Bolsonaro em SP há empresário evangélico bancando

O ato ganhou o nome de 'Acelera para Cristo', sendo promovido nas redes sociais como uma versão evangélica das motociatas bolsonaristas

Publicado em: 11/06/2021 às 16:18 | Atualizado em: 11/06/2021 às 16:33

Duas semanas após manifestações contra o governo Jair Bolsonaro em dezenas de cidades do país, apoiadores do presidente pretendem realizar uma grande motociata neste sábado (12) em São Paulo.

O ato ganhou o nome de ‘Acelera para Cristo’, sendo promovido nas redes sociais como uma versão evangélica das motociatas bolsonaristas realizadas em maio em Brasília e Rio de Janeiro.

Igrejas, porém, negam estar por trás da convocação. Quem batizou o evento com esse nome e se colocou como coordenador foi o comerciante evangélico Jackson Vilar, dono de uma loja de móveis no Capão Redondo, zona sul de São Paulo.

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Ele tem promovido intensamente o ato, inclusive com um cadastro online para sorteio de uma moto entre os que comparecerem à motociata e doarem um quilo de alimento.

Sua atuação, porém, irritou motoclubes que apoiam Bolsonaro e veem uma tentativa do comerciante em se aproveitar politicamente da mobilização.

Em 2018, ele foi candidato a deputado federal, mas não conseguiu se eleger. Embora já apoiasse Bolsonaro, concorreu pelo Pros, que em 2018 estava coligado com o PT.

Em seu perfil no Facebook, o integrante do motoclube Força e União Juan Brey disse que a mobilização é “espontânea” e em “apoio incondicional” a Bolsonaro.

“Não precisamos (de) organização nem puxadores, assim como aconteceu nas anteriores (em Brasília e no Rio). E lamentamos que tenha pessoas inescrupulosas querendo angariar popularidade e lucros político partidários”, criticou.

Desavença entre apoiadores

Conforme o colunista Chico Alves, o clima está ruim entre integrantes dos principais moto clubes paulistas.

Um dos maiores pontos de discórdia é justamente a forma usada por Jackson Villar para atrair público.

Tanto o sorteio de moto quanto o cadastramento exigido para os pilotos que forem à ‘motociata’ são motivos de críticas.

Cezar Augusto Oliveira, conhecido como Cezinha, do moto clube Carpe Diem, explica as causas da contrariedade. “Nos dois eventos realizados em Brasília e no Rio o movimento foi espontâneo dos motociclistas”, comentou à coluna.

“De repente alguém aparece encabeçando esse movimento como se fosse motociclista, ainda oferecendo sorteio de uma ‘linda moto’ e induzindo a pessoa que quer participar a preencher um formulário”.

 Jackson Villar é criticado por participantes dos moto clubes e acusado de ser alguém de fora do meio que quer apenas se aproveitar da classe e da popularidade de Bolsonaro para se promover.

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Foto: Marcos Corrêa/PR