Digitais do golpe de Bolsonaro estão no celular do coronel do seu gabinete
A investigação da Polícia Federal visa identificar os envolvidos na elaboração desses documentos e o propósito por trás de tais ações.

Diamantino Junior
Publicado em: 07/06/2023 às 14:10 | Atualizado em: 07/06/2023 às 14:10
Um rascunho de decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e “estudos” destinados a apoiar um possível golpe de estado foram encontrados no celular do ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, coronel Mauro Cid, pela Polícia Federal (PF). A GLO é uma operação militar que autoriza o presidente a convocar as Forças Armadas em casos de perturbação da ordem pública.
A informação é de Malu Gaspar que foi publicada no portal do jornal O Globo.
Segundo informações apuradas, Cid compareceu à sede da PF em Brasília na terça-feira (06/6) para prestar depoimento sobre esse conjunto de evidências, que ainda não foi divulgado ao público.
O ministro Alexandre de Moraes autorizou o depoimento de Cid, afirmando que o ex-ajudante de ordens “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado”.
De acordo com o despacho, o material aborda “a possibilidade de emprego das Forças Armadas de forma excepcional para garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União”.
A PF busca descobrir quem elaborou esses estudos e para quem eles estavam sendo compilados, entre outras questões.
Até o momento, não há indícios de que o material tenha sido compartilhado com Bolsonaro por meio do celular. A subprocuradora da República Lindora Araújo acompanhou o depoimento virtualmente, mas Cid optou por permanecer em silêncio.
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Os documentos encontrados com Cid estavam em mensagens trocadas com o sargento Luis Marcos dos Reis, que foi preso juntamente com ele no início de maio durante uma operação que investiga fraudes nos cartões de vacinação. Reis deverá ser ouvido pela PF nesta quarta-feira.
O material apreendido durante a operação dos cartões de vacinação deu origem a um novo inquérito, que investiga a participação desse grupo nos preparativos para um golpe de estado. Foi nesse contexto que Cid foi interrogado na terça-feira.
Áudios previamente divulgados revelaram conversas entre Cid, o ex-major Ailton Barros e o coronel e ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, discutindo como mobilizar o comandante do Exército para um suposto golpe.
Esse tema também é abordado nas novas mensagens em análise pela PF. Além do rascunho e dos pareceres recebidos de várias pessoas, Cid e Reis trocaram ideias sobre como convencer outras autoridades do Exército a aderir ou colaborar com a operação GLO.
Como essas mensagens foram compartilhadas em dezembro, a PF acredita que faziam parte de um esforço do grupo de assessores de Bolsonaro relacionado aos atos golpistas de janeiro.
A PF também investiga a possibilidade de o plano envolver a edição do decreto de GLO e, posteriormente, a minuta do golpe encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O documento apreendido no armário de Torres estabelecia um “estado de defesa” no Tribunal Superior Eleitoral e concedia poderes a Bolsonaro para interferir na atuação da corte, o que é claramente inconstitucional.
Foto: Redes Sociais