PF investiga suspeita no desvio de R$ 486 milhões do INSS

De acordo com as investigações, as supostas fraudes foram feitas por meio de acessos de senhas de servidores do INSS

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Publicado em: 18/09/2022 às 16:19 | Atualizado em: 18/09/2022 às 17:12

A PF (Polícia Federal) está investigando um suposto desvio de quase R$ 500 milhões em pagamentos de benefícios, como o auxílio-reclusão.

O objetivo do auxílio é proteger parentes que, com a prisão do segurado, podem ficar sem renda e, no caso de jovens, abandonar a escola para trabalhar. A reportagem é da Folha com reprodução do blog do BG

A operação para identificar os desvios também contou com a atuação do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Setores de inteligência das instituições financeiras que fazem esses pagamentos verificaram indícios de irregularidades nas transferências. 

De acordo com a PF, as supostas fraudes foram feitas por meio de acessos de senhas de 29 servidores do INSS.

Códigos vulneráveis

A principal suspeita é que os códigos tenham sido hackeados. Ainda segundo policiais que participam da ação, com o acesso ao sistema do órgão, criminosos conseguiram reativar benefícios e alterar dados de contas bancárias para que os pagamentos fossem feitos. 

Investigadores contaram à Folha que, entre os indícios encontrados até o momento, foi possível identificar em uma grande quantidade de casos que titulares das contas dos bancos não eram os mesmos destinatários dos benefícios. 

Um outro padrão notado é que as reativações foram feitas em benefícios que estavam perto de completar cinco anos, com valores que nunca passavam de R$ 100 mil — o que seria, em tese, para não chamar a atenção de órgãos de controle, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). 

“A Polícia Federal detectou, por meio do uso de ferramentas de análise massiva de dados, a existência de milhares de reativações de benefícios sociais de forma fraudulenta. Dessa forma, a medida mais urgente para evitar a evasão de dinheiro público foi o acionamento das instituições financeiras, possibilitando o bloqueio do pagamento de milhões de reais em benefícios fraudulentos”, disse Cléo Mazzotti, coordenador-geral de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal.

Pagamento bloqueado 

A maior preocupação do lado da polícia era que os pagamentos fossem suspensos o quanto antes. Isso porque a experiência de investigações desse tipo mostra que é difícil recuperar o dinheiro depois de realizada a transferência.

Em algumas situações, é possível encontrar os autores, mas dificilmente os recursos são devolvidos. 

A apuração começou em junho deste ano e, desde então, os bloqueios de pagamentos começaram a ser feitos. 

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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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