Pesquisador diz que todos os rios do Brasil estão contaminados

O alerta veio após caminhões que transportavam agrotóxicos caírem no rio Tocantins, onde ponte desabou.

Ednilson Maciel

Publicado em: 29/12/2024 às 09:38 | Atualizado em: 29/12/2024 às 09:41

Estudo feito após queda de ponte sobre o rio Tocantins, por causa de caminhões que transportavam herbicidas e ácido sulfúrico e caíram no rio, diz que os tonéis onde as substâncias estavam armazenadas não se romperam.

É que havia ameaça de contaminação da água por agrotóxicos, por causa da queda dos caminhões que transportavam herbicidas e ácido sulfúrico.

Neste final de semana, o governo  federal divulgou o resultado da análise sobre a qualidade do rio Tocantins. Como informa o ICL.

Contudo, os dados do governo mostram que já havia a presença na água de agrotóxicos proibido em diversos países do mundo, incluindo a União Europeia.

Foi detectado uma concentração de 0,2 microgramas por litro (µg/L) do herbicida 2,4-D, apontado como cancerígeno por agências internacionais, mas amplamente utilizado no Brasil.

Nesse sentido, Danilo Rheinheimer dos Santos, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e referência na análise de agrotóxicos em água, denuncia:

“Com as doses, frequências e diversidade de agrotóxicos usados no Brasil, dá para afirmar que todos os rios estão contaminados. Sem nenhuma dúvida. O grau de contaminação é que pode variar”.

Ainda segundo a publicação. a presença de agrotóxicos na água não é novidade no Brasil.

Por exemplo, estudo do ano passado realizado pela Repórter Brasil mostrou que 27 tipos de agrotóxicos foram encontrados na água consumida por parte da população de 210 municípios brasileiros, como São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Campinas (SP).

assim, os dados surgiram a partir de informações do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde, com testes feitos em 2022.

Dessa forma, o agrotóxico 2,4-D, encontrado no rio Tocantins e considerado “normal” pelo estudo do governo federal, é o mesmo usado como componente do chamado “agente laranja”.

Trata-se de um desfolhante químico altamente tóxico, usado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.

Ou seja, a arma química era utilizada pelas tropas estadunidenses para desmatar florestas e impedir que soldados vietnamitas se escondessem na vegetação.

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