Pequenas cidades, grandes salários a membros do Executivo

São municípios que gastam mais de R$ 1 milhão por ano com salários de membros do Executivo

Pequenas cidades, grandes salários a membros do Executivo

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 24/04/2025 às 16:59 | Atualizado em: 24/04/2025 às 16:59

Cidades com menos de 3.000 habitantes espalhadas pelo interior do Brasil criam cargos comissionados e chegam a ter estrutura de governo semelhante à de cidades maiores.

São municípios que dependem, majoritariamente, de recursos externos para sobreviver. Como informa reportagem da Folha, desta quinta-feira (24).

Além disso, os municípios ainda patinam na implementação de políticas de primeira necessidade, como saneamento básico.

Por exemplo, Cedro do Abaeté (MG) – na foto – tem 1.091 moradores e nove secretarias —1 para cada 121 habitantes. A renda média de seus trabalhadores formais fica na casa de 1,7 salário mínimo.

Os salários do prefeito José Filho (MDB), do vice, Helder Andrade (MDB), dos nove secretários e do chefe de gabinete custam R$ 860 mil ao ano.

Tal cifra que supera em mais de R$ 100 mil a arrecadação prevista para 2025 em impostos e taxas municipais (R$ 758 mil), segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA).

Conforme a Folha, todos os dados citados foram verificados pela reportagem na LOA de cada município, nos portais de transparência e na lei que determina os salários das autoridades em cada cidade.

Da mesma forma, cenário semelhante vive Cachoeira de Goiás (GO), com 1.419 habitantes.

Com 13º salário, vencimentos de agentes políticos somam quase R$ 1,1 milhão por ano —quase toda a arrecadação própria de 2024 (R$ 1,3 milhão).

Ao mesmo tempo, a cidade goiana não oferece água tratada a todos e chegou a ser condenada no ano passado a garantir o fornecimento e a construir um sistema de esgoto.

Assim como, também sofre com saneamento Lajeado Grande (SC), 1.771 habitantes, que em 2023 criou um programa de incentivo a sistemas individuais de tratamento de esgoto.

Com 13º salário, prefeito, vice, seis secretários e uma assessora custam R$ 865 mil. O município prevê arrecadar R$ 1,2 milhão em impostos e taxas municipais neste ano.

De acordo com a publicação, salários ainda mais altos são pagos ao gabinete de Santo Afonso (MT), com 2.460 habitantes estimados para 2024 e cuja rede de esgoto só estava ligada a 6% dos domicílios em 2022.

O custo anual dos vencimentos do prefeito, do vice, dos secretários e do chefe de gabinete somam R$ 973 mil, superando os R$ 882 mil destinados ao saneamento segundo a LOA.

Em Amparo de São Francisco (SE), 61% da água produzida pelo sistema de captação é perdida. A cidade tem água para todos, mas não há rede de esgoto.

Nesse sentido, com 2.206 habitantes, o município gasta R$ 1,2 milhão anuais com salários de agentes políticos, enquanto a LOA prevê R$ 2 milhões em receita própria de impostos a 2025.

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Foto: reprodução/rede social