‘Peço desculpa a todos e, em especial, às comunidades indígenas’

"O técnico do Palmeiras errou, e muito, na sua declaração", disse a ministra Sônia Guajajara

'Peço desculpa a todos e, em especial, às comunidades indígenas'

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas*

Publicado em: 14/07/2024 às 11:06 | Atualizado em: 14/07/2024 às 11:06

O pedido de desculpas do técnico do Palmeira Abel Ferreira ocorreu após ele fazer declaração xenófoba contra Atlético Goianiense.

Dessa forma, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse ontem (13) que foi procurada pelo Palmeiras e informada sobre o pedido de desculpas do técnico Abel Ferreira.

É que na última quinta-feira (11), depois da vitória sobre o Atlético Clube Goianiense por 3 a 1, pelo Brasileirão, ele afirmou que o time paulista “não é uma equipe de índios”.

Dessa maneira, a expressão foi usada como sinônimo de desorganização. Como informa a Agência Brasil.

“A assessoria do Palmeiras entrou em contato com nosso gabinete para informar sobre o posicionamento do técnico Abel Ferreira, após sua fala. Importante o reconhecimento do erro e o pedido de desculpas às comunidades indígenas do Brasil”, escreveu Guajajara nas redes sociais.

O pedido de desculpas citado pela assessoria do clube foi postado nas redes sociais de Abel Ferreira na sexta-feira (12).

Repudio toda e qualquer forma de preconceito e discriminação. Infelizmente, há expressões que continuamos a perpetuar sem que nos debrucemos sobre o seu conteúdo. Errei ao usar uma dessas expressões na coletiva de imprensa. Reconheço que palavras têm poder e impacto, independentemente da intenção. Devemos todos questionar, pensar e melhorar todos os dias. Peço desculpa a todos e, em especial, às comunidades indígenas, escreveu o técnico.

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Inadmissíveis

Ao mesmo tempo, também na sexta-feira, a ministra escreveu que as falas de Abel Ferreira eram “inadmissíveis”. Ou seja, por revelar a permanência de estereótipos em relação aos povos indígenas.

O técnico do Palmeiras errou, e muito, na sua declaração. Gostaria de convidá-lo a conhecer a história dos povos indígenas do Brasil. E também conhecer a história de colonização de Portugal, seu país de origem, em relação ao Brasil e como estamos trabalhando para rever isso, escreveu.

Além disso, Guajajara também citou os posicionamentos recentes do governo português. Em junho o presidente assinou Memorando de Entendimento com o Observatório do Racismo e Xenofobia do país, durante visita da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

O próprio presidente de Portugal, recentemente, admitiu que o país foi responsável por uma série de crimes contra escravos e indígenas no Brasil. Uma declaração muito importante porque o reconhecimento de tais crimes é o primeiro passo para ações concretas de reparação.

“Seu posicionamento, naquele momento, trouxe para o debate público a relevância inadiável de avançarmos numa agenda de igualdade étnico racial como premissa para a cidadania, com o resgate, a preservação e a valorização da história e dos saberes da cultura afro-indígena do BR”, completou a ministra.

*Com informações da Agência Brasil

Foto: Frame/Agência Gov