Núcleo da ‘Abin clandestina’ do golpe de Bolsonaro deve virar réu hoje no STF
Grupo de militares e policial produzia desinformação sobre fraude na eleição para justificar a tentativa golpista.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 06/05/2025 às 09:47 | Atualizado em: 06/05/2025 às 10:09
Nesta terça-feira, 6 de maio de 2025, a primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia o julgamento para decidir se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra sete acusados de integrar o chamado “núcleo 4” da tentativa de golpe de Estado de Bolsonaro após as eleições de 2022.
Esse grupo, que atuou integrado ao sistema de inteligência do Estado, chamado de ‘Abin clandestina’ e ‘Abin paralela’, é apontado como responsável por disseminar desinformação com o objetivo de desacreditar o processo eleitoral e fomentar manifestações antidemocráticas.
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Denunciados
Os sete denunciados são:
- – Ailton Gonçalves Moraes Barros
- – Ângelo Martins Denicoli
- – Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- – Giancarlo Gomes Rodrigues
- – Guilherme Marques de Almeida
- – Marcelo Araújo Bormevet
- – Reginaldo Vieira de Abreu
Eles respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Segundo a PGR, os acusados atuaram na propagação de informações falsas sobre o sistema eleitoral, com o intuito de manter a mobilização popular que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023 e pressionar as Forças Armadas a aderirem ao golpe.
Julgamento
O julgamento, presidido pelo ministro Cristiano Zanin, está previsto para ocorrer em três sessões: manhã e tarde desta terça-feira (6) e, se necessário, na manhã de quarta-feira (7).
A sessão teve início com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, seguida pela sustentação oral da subprocuradora-geral da República, Cláudia Marques.
Em seguida, as defesas dos denunciados terão até 15 minutos cada um para se manifestar.
Após as sustentações orais, os ministros votarão sobre a aceitação ou não da denúncia.
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Até aqui
A denúncia contra o “núcleo 4” é parte de um conjunto de ações da PGR que dividiu a suposta trama golpista em cinco núcleos.
Até o momento, o STF já tornou réus 14 pessoas, incluindo Bolsonaro e golpistas aliados próximos, nos julgamentos dos núcleos 1 e 2.
O “núcleo 1”, considerado o principal da trama golpista, foi julgado em março, e o “núcleo 2”, identificado como sendo o de gerência, em abril.
Com o julgamento do “núcleo 4”, o número de réus pode chegar a 21, caso a denúncia seja aceita.
Os ministros da primeira turma, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino, decidirão se há elementos suficientes para que os acusados respondam a processo penal.
O julgamento é mais um passo no esforço do STF para responsabilizar os envolvidos na tentativa de subversão da ordem democrática no país.
Foto: Fellipe Sampaio/STF