Potássio do Amazonas: ministra acusa que agro pressiona pela extração

Ministério dos Povos Indígenas se opõe ao Projeto Potássio, alegando pressões indevidas.

Indígenas isolados terão terra demarcada por Lula no AM

Diamantino Junior

Publicado em: 25/11/2023 às 16:42 | Atualizado em: 25/11/2023 às 16:43

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) se posiciona contrário ao projeto de exploração de potássio na Amazônia, liderado por subsidiária do banco canadense Forbes & Manhattan. O MPI alega que o empreendimento é “de total interesse dos grupos ruralistas” e denuncia coação, manipulação e pressões indevidas sofridas pelo povo mura.

“O potássio é usado para a produção de um fertilizante largamente utilizado pelo agronegócio. Esse fato aumenta a pressão desse segmento para que o empreendimento seja aprovado”, disse a pasta comandada pela ministra Sônia Guajajara, em nota enviada à Folha de S.Paulo.

O MPI aponta irregularidades na aprovação do Projeto Potássio, destacando que a lista de presença em uma reunião foi indevidamente utilizada como aprovação do projeto.

A Potássio do Brasil rebate, afirmando ter mais de 90% de apoio dos muras e acusa o MPI de produzir um “escândalo artificial”.

O presidente da empresa, Adriano Espeschit, foi gravado prometendo terras em caso de posicionamento favorável ao projeto.

A disputa envolve interesses ambientais, econômicos e sociais, com divergências dentro do governo Lula. Enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin é favorável ao projeto, o MPI se posiciona contrariamente, defendendo o respeito aos direitos indígenas e a necessidade de consulta livre e prévia.

A Potássio do Brasil destaca que o projeto trará empregos, renda e reduzirá a dependência externa do país em relação ao potássio.

O MPF aponta “manipulações, assédios, cooptações e ameaças” e solicita a suspensão do licenciamento ambiental, decisão acatada pela Justiça Federal.

O MPI ressalta a importância de reuniões internas de avaliação pelos muras, sem pressões externas, e defende a autonomia do povo mura para aprovar ou não o empreendimento.

A Potássio do Brasil confia que a próxima decisão judicial favorecerá o projeto.

Estranhamento

Advogados que acompanham a polêmica do licenciamento ambiental para empresa explorar potássio em Autazes manifestaram ao BNC Amazonas estranhamento na velocidade da última decisão judicial sobre o caso. Do dia 16 deste mês, a ordem assinada pela juíza federal Jaiza Maria Fraxe suspende todo o processo de concessão de licença prévia para a exploração do minério.

Foto: Valter Camapanto/Agência Brasil