Militares ameaçam presidente da CPI por falar a verdade
Segundo colunista do UOL o senador Omar Aziz não atacou as Forças Armadas e sim as defendeu durante sua fala de quarta-feira

Publicado em: 08/07/2021 às 08:31 | Atualizado em: 08/07/2021 às 08:31
Absurda, golpista e mentirosa a nota do Ministério da Defesa, assinada também pelos três comandantes militares, em reação à fala do senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI.
Em primeiro lugar, Aziz não atacou as Forças Armadas, mas as defendeu.
Em segundo lugar, quem dispõe de armas não pode fazer ameaças. Ainda mais em nome da democracia.
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Se algum fundamento da Carta é violado, deve recorrer à Justiça, não aos canhões.
Em terceiro lugar, mas não menos importante, indago: de que trecho da fala do senador os militares discordam?
Vamos recuperar o que ele disse quando Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística da Saúde, afirmou ter sido sargento da Aeronáutica:
“Olha, eu vou dizer uma coisa: as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas, devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia. Porque fazia muito tempo, fazia muitos anos, que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo. Fazia muitos anos”.
E acrescentou:
“Aliás, eu não tenho nem notícia disso na época da exceção que houve no Brasil, porque o [João Baptista] Figueiredo morreu pobre; porque o [Ernesto] Geisel morreu pobre; porque a gente conhecia… E eu estava, naquele momento, do outro lado, contra eles. Uma coisa de que a gente não os acusava era de corrupção. Mas, agora, Força Aérea Brasileira, coronel [Gláucio Octaviano] Guerra, coronel Elcio [Franco], general [Eduardo] Pazuello… E haja envolvimento de militares”.
Como se pode perceber claramente, o senador distingue as instituições de eventuais maus militares. É tão generoso que poupa até próceres da ditadura de acusações de malfeitos.
A nota de Braga — e não é a primeira vez que o vemos flertar com respostas heterodoxas —, com o endosso dos três comandantes, acaba, na prática, por misturar os maus e os bons porque todos unidos pelo uniforme.
E olhem que Aziz poderia ter citado outros tantos.
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Foto: Agência Senado