Milei enrola para extraditar 63 golpistas de Bolsonaro foragidos
O governo argentino de Javier Milei demora em responder ao pedido de extradição de 63 golpistas brasileiros.

Diamantino Junior
Publicado em: 17/10/2024 Ă s 18:08 | Atualizado em: 18/10/2024 Ă s 09:22
A postura do governo argentino sob a liderança de Javier Milei em relação à extradição dos 63 brasileiros investigados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 levanta sérias dúvidas sobre o seu compromisso com a justiça e cooperação internacional.
O fato de o governo argentino estar “analisando” o pedido de extradição, sem fornecer um prazo concreto para a resposta, revela uma demora preocupante, que parece mais uma embuste do que uma análise criteriosa.
Milei, que ascendeu ao poder com um discurso populista e de extrema-direita, parece hesitar em tomar uma decisĂŁo firme contra aliados ideolĂłgicos.
Muitos desses foragidos estão ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, cujas ideias de extrema-direita e ataques às instituições democráticas encontram eco no discurso de Milei.
Essa afinidade ideolĂłgica pode estar influenciando a postura do governo argentino, que nĂŁo demonstra pressa em atender ao pedido feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, colocando em risco o respeito aos tratados internacionais de extradição que ambos os paĂses sĂŁo signatários.
O argumento de que o pedido de extradição está “em análise” pode ser visto como uma desculpa frágil diante da gravidade da situação.
O governo brasileiro, atravĂ©s do STF e da PolĂcia Federal, já forneceu informações robustas sobre a localização e o modo de entrada ilegal dos foragidos na Argentina.
Essas pessoas cruzaram as fronteiras de maneira clandestina, utilizando porta-malas de carros, rios e até caminhando, o que por si só já representa uma violação clara das leis de imigração.
A inação de Milei não só enfraquece o combate à impunidade, como também abre precedentes perigosos para a região.
Ao se esquivar de extraditar esses indivĂduos, o governo argentino pode estar dando sinais de que está disposto a fechar os olhos para criminosos que encontram abrigo em seu territĂłrio, principalmente se estiverem alinhados com uma agenda polĂtica similar.
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Essa demora agrava ainda mais a desconfiança sobre o compromisso de Milei com a democracia e a estabilidade regional.
A extradição dos golpistas nĂŁo Ă© apenas uma questĂŁo jurĂdica, mas uma reafirmação da necessidade de proteger as instituições democráticas e punir aqueles que tentam desestabilizá-las. A hesitação do governo argentino em agir de maneira decisiva serve como um alerta para os perigos da conivĂŞncia polĂtica com práticas antidemocráticas, e coloca em risco a cooperação internacional na AmĂ©rica do Sul.
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