Caso do tio de Michelle expõe hipocrisia do discurso da família Bolsonaro

Caso do tio de Michelle Bolsonaro revela contradições no discurso moral da família.

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 03/08/2025 às 11:42 | Atualizado em: 03/08/2025 às 11:42

A prisão de Gilberto Firmo Ferreira, tio materno da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, durante operação da Polícia Civil de Goiás contra pornografia infantil, trouxe repercussões que extrapolam o campo policial.

O caso reacende o debate sobre as contradições entre o histórico familiar de figuras públicas da família Bolsonaro e o discurso político que sustentam, especialmente no campo da moral, da ética e da defesa da família.

Gilberto foi preso no dia 1º de agosto, em Ceilândia (DF), após ser identificado como responsável pelo envio e armazenamento de pelo menos dez arquivos com conteúdo de abuso sexual infantil.

O material foi rastreado por meio do endereço de e-mail e do IP residencial do acusado.

 Em audiência de custódia, ele foi solto pela Justiça com tornozeleira, como a de Bolsonaro.

Michelle Bolsonaro disse em nota oficial que o tio praticou ato “repugnante e revoltante”.

Ao mesmo tempo, renegou o tio, dizendo não manter qualquer tipo de contato com ele há cerca de 18 anos.

Ela reforçou que os atos de terceiros não podem ser imputados a outras pessoas, mesmo que familiares.

Apesar disso, o episódio repercutiu no meio político e nas redes sociais por envolver uma figura central deste discurso conservador e hipócrita do bolsonarismo.

 Michelle Bolsonaro tem apostado na articulação da base evangélica ligada ao Partido Liberal (PL) em agenda com foco em temas como proteção da infância, valorização da família e moral cristã.

Apesar do histórico familiar, sua imagem pública está fortemente vinculada ao discurso de valores tradicionais e combate a supostos desvios morais em instituições públicas e sociais.

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Contradições com passado

Este não é o primeiro caso envolvendo familiares de Michelle em episódios com a polícia e a Justiça.

Sua avó materna, Maria Aparecida Firmo Ferreira, foi condenada por tráfico de drogas na década de 1990 e morreu em 2020, após contrair covid-19 na prisão.

Já sua mãe, Maria das Graças Firmo Ferreira, respondeu a processo por estelionato e falsidade ideológica, por tentativa de fraude em uma carteira nacional de habilitação. O processo foi encerrado por prescrição da pena.

Embora Michelle não tenha qualquer envolvimento direto ou responsabilidade jurídica nesses casos, o acúmulo de ocorrências envolvendo parentes próximos contrasta com a retórica frequentemente adotada pelo grupo político ao qual pertence.

O discurso moralizante tem sido uma das principais marcas do bolsonarismo, tanto na agenda pública quanto no uso político de temas como educação, religião, costumes e segurança pública.

A prisão de um familiar próximo por um crime com forte impacto social, como pornografia infantil, tende a reabrir o debate sobre o uso seletivo de pautas morais no ambiente político.

Foto: reprodução redes sociais