Centenas de pessoas morrem pelo calor na peregrinação a Meca

A peregrinação a Meca resultou na morte de 577 muçulmanos por calor extremo, com temperaturas alcançando 51,8ºC.

Diamantino Junior

Publicado em: 19/06/2024 às 11:25 | Atualizado em: 19/06/2024 às 11:25

Neste ano, a peregrinação a Meca, conhecida como hajj, resultou na morte de mais de 570 muçulmanos devido às temperaturas extremas. A peregrinação começou na sexta-feira, 14 de junho, e, segundo a agência de notícias AFP, 577 peregrinos morreram por causa do forte calor.

As vítimas são originárias de países como Egito, Tunísia, Indonésia, Irã, Senegal e Jordânia.

De acordo com a TV estatal da Arábia Saudita, as temperaturas previstas chegariam a 48ºC, mas na segunda-feira, 17 de junho, os termômetros marcaram 51,8ºC na sombra na região da Grande Mesquita de Meca.

Um diplomata informou à AFP que pelo menos 323 dos 577 mortos são egípcios, que sucumbiram a doenças provocadas pelo calor extremo.

Um dos falecidos morreu após um tumulto entre a multidão.

Esses números foram confirmados pelo necrotério do hospital Al Muaisem.

A Jordânia também relatou 60 mortes entre seus cidadãos.

A AFP não especificou se as mortes ocorreram antes ou depois do início oficial do hajj, pois muitos peregrinos chegam antecipadamente.

Medidas contra o calor

Este ano, a peregrinação atraiu 1,8 milhão de fiéis, incluindo 1,6 milhão do exterior.

As autoridades sauditas adotaram medidas para combater o calor, como a instalação de nebulizadores e guardas borrifando água nos peregrinos.

Mohammed al-Abdulali, porta-voz do Ministério da Saúde saudita, informou que no ano passado mais de 10 mil peregrinos tiveram problemas de saúde relacionados ao calor, resultando em cerca de 240 mortes, a maioria cidadãos da Indonésia.

Importância do Hajj

O hajj é um dos cinco pilares do Islã e exige que todo muçulmano faça a peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida, se tiver condições.

A peregrinação começa com o “tawaf”, que envolve dar voltas ao redor da Kaaba, a estrutura cúbica preta situada no coração da Grande Mesquita.

Os muçulmanos então seguem para Mina, um local rodeado por montanhas rochosas, onde passam as noites em tendas climatizadas.

Este ritual é crucial para a Arábia Saudita, cujo rei é o “Guardião das duas mesquitas sagradas” de Meca e Medina.

Sistema de vistos e desafios

A Arábia Saudita autoriza vistos para o hajj seguindo um sistema de cotas por país. Muitos muçulmanos que não conseguem vistos chegam a Mina, mas não têm acesso às tendas climatizadas, ficando expostos ao calor extremo.

Em um ano de temperaturas recordes, o hajj de 2024 ficará marcado pelas trágicas mortes e pelos desafios enfrentados pelos fiéis em sua devoção religiosa.

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Foto: reprodução