Malafaia se prestou a boneco de Bolsonaro para ofender generais, diz Noblat

Em artigo, jornalista critica uso do pastor para atacar STF e o alto comando do Exército durante ato na Avenida Paulista.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 08/04/2025 às 08:49 | Atualizado em: 08/04/2025 às 21:16

Na manifestação em São Paulo, Bolsonaro preferiu delegar as provocações mais diretas a Silas Malafaia. Coube ao pastor atacar generais e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Ricardo Noblat descreve Malafaia como um “boneco de ventríloquo”, instrumento usado por Bolsonaro para dizer o que não pode ou não quer declarar publicamente.

O jornalista destaca que o ex-presidente evita qualquer atitude que possa levá-lo de volta à prisão. Já foi detido uma vez pelo Exército e não gostou.

Ao justificar sua ausência em 8 de janeiro, Bolsonaro alegou que “algo” o alertou para deixar o Brasil. Assim, escapou da prisão, segundo ele.

Com hospedagem paga, embarcou para os Estados Unidos, onde permaneceu enquanto apoiadores invadiam e depredavam os prédios dos Três Poderes, em Brasília.

Durante o comício na Paulista, Bolsonaro utilizou Malafaia para atacar Alexandre de Moraes, criticar a imprensa e defender Braga Netto, seu ex-vice, hoje preso.

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O pastor, então, disparou: “Cadê esses generais de quatro estrelas, do Alto Comando do Exército? Cambada de frouxos, cambada de covardes, cambada de omissos.”

A fala, segundo ele, não era para incitar um golpe, mas sim para exigir uma reação pública dos militares em defesa de Bolsonaro.

Noblat ironiza a retórica: que “posição” seria essa, se não uma forma velada de pressionar por intervenção contra decisões da Justiça?

O colunista relembra que Bolsonaro tentou convencer os generais a impedirem a posse de Lula e derrubarem Moraes, mas sem sucesso.

O medo de represálias internas e externas impediu o avanço de qualquer plano golpista. Uma tentativa fracassada traria punições severas aos militares.

Na entrevista à revista Oeste, Bolsonaro reagiu: “Fiquei muito triste não com o Malafaia, mas com as verdades que ele falou.”

O réu do STF afirmou que não repetiria os termos usados, mas concordou com o tom: “Ninguém quer dar um golpe nenhum, não.”

Noblat conclui que os verdadeiros covardes não são os generais, mas Bolsonaro, que se esconde atrás do pastor para atacar quem não o seguiu.

Leia na íntegra na coluna de Ricardo Noblat no Metrópoles.

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Foto: reprodução/Youtube