Lula enfrenta disputas internas e pressão para mexer no ministério
O primeiro ano do governo Lula foi marcado por intensas disputas e pressões no ministério, com alianças políticas, loteamento de pastas e atritos entre PT, centrão e outros partidos.

Diamantino Junior
Publicado em: 30/12/2023 às 16:02 | Atualizado em: 30/12/2023 às 16:10
O primeiro ano do governo Lula foi marcado por disputas internas e pressão para mexer no seu ministério. O presidente, que precisa da aliança com partidos do centrão para governar, foi obrigado a ceder a algumas demandas, mas também mostrou disposição para manter os subordinados que considera essenciais.
Mas é quase certo que as disputas internas continuem em 2024, quando Lula terá de decidir se buscará a reeleição ou entregará a faixa presidencial para um sucessor.
Distribuição dos cargos
Ao compor seu ministério, Lula priorizou o PT, mas também distribuiu pastas para MDB, PSD e União Brasil. Depois, em nome da governabilidade, contemplou Republicanos e PP, que haviam apoiado Jair Bolsonaro durante o mandato do capitão.
Esse loteamento da Esplanada não foi suficiente para aplacar o apetite das legendas, que se lançaram numa disputa fratricida por cargos de destaque.
Nem mesmo ministros com gabinete no Palácio do Planalto escaparam da fritura. O presidente da Câmara, Arthur Lira, chegou a pedir a demissão do chefe da Casa Civil, Rui Costa, contestado também por colegas de PT. Já o Centrão, com o apoio de petistas estrelados, pressionou pela saída de Alexandre Padilha da Secretaria de Relações Institucionais.
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O centrão também não desistiu do sonho de comandar o Ministério da Saúde. Antes de receber o Ministério do Esporte, o PP de Arthur Lira até sugeriu um nome para substituir a ministra Nísia Trindade, mas não conseguiu emplacá-lo. É provável que o lobby partidário seja retomado no próximo ano.
O PT, apesar de comandar os principais ministérios, também praticou com gosto um de seus hobbies prediletos: fritar aliados. O partido fez o que pode para convencer o presidente a demitir José Múcio Monteiro do Ministério da Defesa, sob a alegação de que ele foi e é conivente com militares que participaram da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
Numa concorrência com o centrão, os petistas também tentaram tirar do cargo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Lula blindou os subordinados.
Os alvos de fritura entrarão 2024 em seus respectivos postos, mas não completamente seguros. Aproveitando o pretexto de que o presidente terá de escolher um novo ministro da Justiça para substituir Flávio Dino, que tomará posse no Supremo Tribunal Federal, os partidos da aliança governista pressionam por uma reforma ministerial.
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Foto: Joédson Alves/Agência Brasil