Aprovação de Lula tem queda histórica e reprovação atinge recorde
Situação apontada pela pesquisa Datafolha se explica por crises como a do pix e a alta da inflação.

Diamantino Junior
Publicado em: 14/02/2025 às 17:03 | Atualizado em: 14/02/2025 às 17:06
A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou uma queda expressiva nos últimos dois meses, passando de 35% para 24%, o menor índice de seus três mandatos. Paralelamente, a reprovação ao governo atingiu um patamar inédito, subindo de 34% para 41%. Os dados são da mais recente pesquisa do Instituto Datafolha, realizada nos dias 10 e 11 de junho com 2.007 eleitores em 113 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Fatores que impactaram a popularidade
A queda acentuada na aprovação reflete uma sucessão de crises enfrentadas pelo governo, sendo a mais notória a polêmica envolvendo o pix.
Em janeiro, foi divulgado que o governo fiscalizaria transações acima de R$ 5 mil, o que gerou forte reação da oposição e uma onda de desinformação sobre uma suposta “taxação” da ferramenta.
A repercussão negativa levou o Ministério da Fazenda a revogar a medida.
Outro fator relevante é a inflação de alimentos, que afeta diretamente a população de menor renda. A declaração de Lula sugerindo que as pessoas evitassem comprar alimentos caros também gerou críticas e foi explorada pela oposição.
Diante da crescente insatisfação, o presidente decidiu reformular sua equipe de comunicação, promovendo Sidônio Palmeira ao comando do setor, em substituição a Paulo Pimenta. No entanto, as dificuldades persistem.
Desgaste entre eleitores tradicionais
A queda na popularidade de Lula é visível mesmo em grupos que historicamente o apoiaram. Entre os eleitores com renda de até dois salários mínimos, a aprovação caiu de 44% para 29%.
No segmento de menor escolaridade, aqueles com apenas ensino fundamental, a queda foi de 53% para 38%.
Já no Nordeste, região onde Lula tradicionalmente tem forte apoio, a avaliação positiva do governo despencou de 49% para 33%.
Mesmo entre os que votaram em Lula no segundo turno de 2022, houve uma queda significativa: a aprovação caiu de 66% para 46%, enquanto a reprovação subiu de 7% para 13%.
Comparativo com Bolsonaro e impacto futuro
O levantamento também mostra que, em comparação com seu antecessor Jair Bolsonaro (PL), Lula apresenta um índice de reprovação semelhante ao de Bolsonaro no mesmo período de mandato (40%), mas com uma aprovação inferior (31% contra 24%).
Os dados alimentam o debate sobre as perspectivas de Lula para 2026. Apesar de pesquisas recentes indicarem que ele ainda é favorito, o cenário é incerto e dependerá de como o governo lidará com os desafios e a crescente insatisfação popular.
Enquanto isso, a oposição se movimenta. Possíveis candidatos à sucessão presidencial, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e figuras ligadas ao bolsonarismo, como Pablo Marçal e o cantor Gusttavo Lima, começam a testar suas influências.
Bolsonaro, por sua vez, segue inelegível até 2030, mas continua sendo um dos principais articuladores da direita.
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Foto: Ricardo Stuckert/PR