Moro e Dallagnol saíram bem da Lava Jato apesar dos crimes, diz ministro

O ministro Gilmar Mendes do STF critica as punições da Lava Jato a ambos e destaca a necessidade de medidas mais enérgicas e revisão dos acordos firmados.

Diamantino Junior

Publicado em: 06/03/2024 às 13:47 | Atualizado em: 06/03/2024 às 13:47

Em recente entrevista ao jornal Valor, o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), lançou críticas contundentes sobre as punições recebidas pelo senador e ex-juiz suspeito Sergio Moro, que enfrenta possibilidade de cassação, e pelo ex-procurador Deltan Dallagnol, já cassado, por seus supostos crimes durante a Operação Lava Jato. Mendes expressou sua preocupação com a aparente brandura das sanções frente à gravidade dos delitos.

Para o ministro, as punições aplicadas a Moro e Dallagnol não estão à altura da magnitude dos crimes cometidos durante a operação que abalou o país. Ele enfatizou que a gravidade das condutas exige medidas mais enérgicas por parte do sistema judiciário.

Mendes reconheceu a Lava Jato como um marco na história do Judiciário brasileiro, mas salientou que os excessos e irregularidades ao longo da operação não podem ser desconsiderados.

Ele ressaltou a necessidade de uma avaliação criteriosa das ações dos envolvidos, defendendo que as punições sejam proporcionais à gravidade dos delitos.

O ministro expressou preocupação também com o papel desempenhado pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem acusou de tentar promover “narrativas fantasiosas” durante a Lava Jato. Mendes apontou que Janot tem uma parcela significativa de responsabilidade nos erros e excessos cometidos durante a operação.

Além disso, Mendes ressaltou a importância de reavaliar os acordos de leniência e delação premiada firmados durante a Lava Jato, indicando a necessidade de revisão e análise criteriosa dos termos estabelecidos.

As declarações de Gilmar Mendes reacenderam o debate sobre a atuação da Lava Jato e seus impactos no sistema judiciário brasileiro. Ele expressou esperança de que a sociedade brasileira “não acredite mais em salvadores da pátria”.

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Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF