Reunião do golpe: Bolsonaro e Braga Netto pensaram não estar sendo gravados

Para alguns, a gravação revela uma certeza de impunidade do grupo ao falar abertamente de golpe.

Diamantino Junior

Publicado em: 09/02/2024 às 14:38 | Atualizado em: 09/02/2024 às 14:41

Durante uma reunião com ministros no dia 5 de julho de 2022, o presidente Jair Bolsonaro foi flagrado em uma conversa que está sob investigação da Polícia Federal (PF), onde sinalizou que a conversa não estaria sendo gravada. O ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União, Wagner Rosário, interrompeu a própria fala para questionar se estava sendo gravado, em um trecho da reunião onde se discutia auditoria de urnas eletrônicas.

“Essa junção de Polícia Federal, Forças Armadas e CGU tem que fazer urgente, urgente. As outras equipes, a gente chegar a um consenso assim… tem que ser, porque já não temos garantia disso. E aí já não são as Forças Armadas falando, são três instituições. A gente tem que se preparar para atuar como força-tarefa nesse negócio”, disse Rosário.

Na sequência, ele pergunta sobre a gravação, ao que Bolsonaro e Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil, fizeram sinal negativo com o dedo. “A reunião está sendo gravada?”, questiona Rosário, obtendo a negativa como resposta.

Bolsonaro afirmou: “Eu mandei gravar a minha fala”, logo no início da reunião, antes de passar o microfone aos demais presentes.

Enquanto isso, Wagner Rosário continua a falar sobre a segurança das urnas eletrônicas, citando um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que atesta sua segurança.

No decorrer da reunião, Bolsonaro pediu que órgãos como a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União, além da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), emitissem uma nota afirmando ser “impossível” atingir as condições necessárias para garantir a lisura das eleições de 2022.

A OAB, por meio de nota, negou ter sido procurada por Bolsonaro ou seus aliados para legitimar discursos contra a validade das eleições, reiterando sua confiança no sistema eleitoral.

Investigadores da PF, advogados, assessores de Bolsonaro e ministros do STF estão sendo questionados sobre a gravação da reunião e suas motivações.

Alguns investigadores acreditam que a gravação pode ter sido uma iniciativa de Mauro Cid, com ou sem anuência de Bolsonaro.

Já ministros do STF consideram que a gravação fazia parte de uma estratégia bolsonarista de documentação para a história, enquanto outros enxergam uma certeza de impunidade no núcleo bolsonarista.

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil