IBGE aponta que Brasil tem mais igrejas do que locais de ensino e saúde
"O número de faculdades no Brasil cresceu absurdamente nas últimas décadas, mas nem por isso a qualidade da educação melhorou", afirma pesquisador.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 03/02/2024 às 12:39 | Atualizado em: 03/02/2024 às 12:39
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem (2) que o Brasil tem mais estabelecimentos religiosos do que a soma daqueles de saúde e de ensino.
Conforme o Censo Demográfico 2022, esses espaços são 579,8 mil, enquanto os de ensino totalizam 264,4 mil, e os de saúde, 247,5 mil. como informa a Folha de S.Paulo.
De acordo com a publicação, os recenseadores contaram ainda 11,7 milhões de estabelecimentos com outras finalidades, categoria, segundo o IBGE, que abrange lojas.
Dessa forma, esse tipo representa 10,5% do total de 111,1 milhões de coordenadas mapeadas no Censo. A maior parte, 90,6 milhões, é de domicílios particulares.
Desta maneira, essas informações indicam quais são os usos de cada endereço visitado pelos recenseadores.
Ou seja, segundo os técnicos do IBGE, servem para responder a questionamentos sobre onde está a população brasileira, agora de forma mais precisa, e para embasar políticas públicas.
Assim, além dos domicílios em cada município, também é possível visualizar o número de estabelecimentos religiosos, de saúde e de ensino encontrados por recenseadores.
Considerando as cidades com mais de 200 mil habitantes, por exemplo, o estado do Rio de Janeiro lidera na proporção de estabelecimentos religiosos.
Ainda conforme a página Cotidiano da Folha, já São Paulo tem 9 das 10 cidades com mais estabelecimentos de saúde.
José Eustáquio Diniz Alves, pesquisador aposentado do IBGE, que o setor evangélico tem boa participação no número.
Por exemplo, ele cita que o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) chegou a levantar 87,5 mil igrejas evangélicas em 2021.
Sobretudo, sendo 7 em cada 10 estabelecimentos religiosos no país, com base em dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais).
Desse modo, os dois pesquisadores ressaltam que a lógica de abertura de templos, combinada à pouca burocracia, garante mais agilidade.
Abre-se a igreja sem ter membro e começa a competir, evangelizar. Vai a presídio, evangeliza no bairro. Se a Arquidiocese de São Paulo quisesse abrir uma paróquia nova em Araraquara, por exemplo, precisaria mandar um documento ao Vaticano e esperar aprovação, depois votar na confederação nacional de arquidioceses, demora anos, afirma Victor Araújo.
Além disso, a comparação numérica, no entanto, não permite análises conclusivas sobre educação ou saúde.
Não acho que a comparação indique qualquer coisa ou que seja justa. Um país pode ter mais igreja que escola e continuar a ter boa provisão do serviço de educação. O número de faculdades no Brasil cresceu absurdamente nas últimas décadas, mas nem por isso a qualidade da educação melhorou.
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Foto: divulgação