Guedes pede ajuda a senadores; Maia quer implodir estados
Guedes está preocupado com projeto paralelo de Rodrigo Maia que endivida mais os estados.

Publicado em: 11/04/2020 às 08:00 | Atualizado em: 11/04/2020 às 01:52
O ministro da Economia, Paulo Guedes, está pedindo ajuda a senadores para aplacar a voracidade do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
De acordo com Guedes, Maia quer agravar a crise fiscal dos estados e municípios. Segundo ele, o parlamentar quer liberar um impacto de R$ 180 bilhões. O deputado nega.
Na quinta-feira (9), Paulo Guedes se reuniu com um grupo de senadores e fez um apelo inusitado para “salvarem a República”. De que forma? – barrando o projeto que será votado pela Câmara em socorro aos estados.
Segundo ele, o projeto é conhecido como a versão mais “enxuta” do Plano Mansueto.
As informações são da Folha de São Paulo (para assinantes), mas estão publicadas também no site “Eu quero Investir!”
Paulo Guedes “foi muito crítico ao Rodrigo Maia, ao caminho que a Câmara está seguindo”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Randolfe participou da reunião virtual. “Ele chegou a falar com todas as letras: ‘Se aprovarem isso na Câmara, eu vou pedir para vocês salvarem a República. Vou pedir aos meus amigos do Senado para que salvem a República’”.
A proposta a que o ministro da Economia se refere prevê que a União destine R$ 35 bilhões, por três meses, aos estados.
Solidariamente, para Maia, é como forma de amenizar os prejuízos com a queda de arrecadação do ICMS.
Igualmente, outra proposta de R$ 5 bilhões para o Imposto Sobre Serviços (ISS), que é municipal.
Por sua vez, o governo já se manifestou contrário ao projeto, mas Paulo Guedes preferiu se antecipar e pedir que o Senado barre a proposta.
Mais dinheiro
Segundo a reportagem, o texto foi “negociado entre o presidente da Câmara e os governadores”.
Por meio do acordo, permite-se “que os estados possam contratar empréstimos e financiamentos, limitados a 8% da receita corrente líquida do ano passado”.
Segundo ainda o acordo, serve “para bancar medidas de enfrentamento ao novo coronavírus e para estabilizar a arrecadação em 2020”.
Nesse sentido, na semana passada, o Congresso concluiu votação de outro projeto com esse objetivo.
Maia responde
O deputado Rodrigo Maia reagiu de pronto a Guedes: “O governo vende a coisa como ele quer, da forma como ele quer. O pano de fundo dessa polêmica é um debate que não queremos entrar”.
Em seguida questionou: “Por que não querem uma solução para o ICMS? Prontamente, ele mesmo respondeu: “Há um enfrentamento político por trás de uma falsa disputa de um projeto que vai garantir a sustentação aos estados”.
Maia afirmou ainda que o governo usa de “informações falsas” para tentar convencer parlamentares e a sociedade.
Sem concluir faculdade de economia, Maia ousa discordar de outros economistas sobre o impacto negativo para os estados.
Impacto bilionário
O governo anunciou, através do Ministério da Economia, que o projeto teria um impacto de R$ 180 bilhões. No entanto, de acordo com Maia, o impacto é de R$ 50 bilhões.
Para o deputado, é responsabilidade da União ajudar os estados e municípios. Segundo ele, a Câmara não aceitará ser instrumento de disputa entre o governo e os estados.
A proposta deveria ser votada na terça-feira (7), no entanto, Maia não conseguiu angariar o consenso que pretendia. Assim sendo, a votação foi adiada para uma data ainda não definida.
De acordo com Paulo Guedes, isso dá tempo de argumentar com os parlamentares das duas casas. Especialmente, os senadores, antecipando-se a uma possível derrota na Câmara.
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Foto: Agência Brasil/arquivo