Gás de cozinha: do aumento de R$ 32 em 5 anos, revenda mordeu R$ 19

O preço do gás de cozinha subiu R$ 32,32 de 2019 a 2024, com maior impacto nos custos de distribuição e revenda, segundo dados da ANP e FUP.

Diamantino Junior

Publicado em: 16/07/2024 às 20:25 | Atualizado em: 16/07/2024 às 20:25

O preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, aumentou R$ 32,32 em média nos últimos cinco anos. Entre maio de 2019 e maio de 2024, o valor do botijão de 13 kg subiu de R$ 69,29 para R$ 101,61. A maior pressão sobre esse aumento veio dos custos de distribuição e revenda.

Desde 2019, a parte do preço do GLP relacionada à produção ou importação, que inclui Petrobras e outros fornecedores, cresceu R$ 6,54. No entanto, as margens dos distribuidores e revendedores tiveram um acréscimo de R$ 19,38. Os impostos estaduais (ICMS) também contribuíram para o aumento, subindo R$ 8,38, enquanto os tributos federais tiveram uma redução de R$ 2,18.

Em 2019, a diferença entre os custos de distribuição/revenda e a margem do produtor era de cerca de R$ 5 a mais para a distribuição/revenda. Nos anos de 2021 e 2022, a margem dos produtores superou a das distribuidoras, mas a partir de 2023, a distribuição e revenda voltaram a ser os componentes mais significativos dos preços do GLP.

Impacto Econômico

Dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), compilados pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), revelam que o preço do gás para o consumidor vem aumentando mais do que o preço do GLP nas refinarias. Segundo a FUP, mesmo sem reajustes da Petrobras, o preço do botijão ao consumidor continua a subir, impulsionado pelas margens de distribuição e revenda.

Leia mais

Refinaria da Amazônia anuncia redução nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha

“Ao analisar a composição do preço ao consumidor final, verifica-se que o que sobe muito são as margens para a distribuição e revenda”, afirma Cloviomar Cararine, economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Cararine explica que a partir de 2016, o preço do gás nas refinarias começou a subir devido à adoção do PPI (Preço de Paridade de Importação) pela Petrobras, o que torna os valores mais suscetíveis às variações do dólar e do petróleo.

Reflexos da privatização

Para Cararine e a FUP, o aumento das margens de distribuição e revenda reflete a privatização da BR Distribuidora (atual Vibra) e da Liquigás nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Em 2022, o preço do botijão de gás representava 9% das despesas de uma cesta básica e 5% das despesas com um salário mínimo. Em maio de 2023, essa porcentagem caiu para 4,5% do total da despesa com a cesta básica e 2,25% do salário mínimo, demonstrando o impacto contínuo dos aumentos no orçamento das famílias brasileiras.

Leia mais no Poder 360

Foto: divulgação