’Gabinete do ódio’ de Bolsonaro: Moraes investiga fake news por mais 180 dias

Segundo o ministro, a extensão do prazo é essencial para concluir a identificação dos integrantes, o financiamento e o funcionamento da estrutura investigada.

Diamantino Junior

Publicado em: 17/12/2024 às 10:52 | Atualizado em: 17/12/2024 às 11:10

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu prorrogar por mais 180 dias o inquérito das fake news, que investiga a disseminação de informações falsas, ataques a ministros da Corte e a instituições democráticas. A decisão foi divulgada nesta segunda-feira (16/12) e tem como foco aprofundar as investigações sobre o chamado “gabinete do ódio”, grupo supostamente atuante durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na decisão, Moraes também determinou a oitiva de mais 20 pessoas, a complementação das análises de dados obtidos por meio de quebra de sigilos bancário e fiscal, além da finalização de diligências conduzidas pela Polícia Federal (PF).

Segundo o ministro, a extensão do prazo é essencial para concluir a identificação dos integrantes, o financiamento e o funcionamento da estrutura investigada.

Gabinete do ódio e milícia digital
As investigações apontam a existência de uma milícia digital organizada para disseminar ataques sem provas ao sistema eleitoral e às instituições democráticas.

De acordo com a Polícia Federal, o “gabinete do ódio” teria atuado a partir do Palácio do Planalto, com participação de aliados do ex-presidente Bolsonaro.

O grupo também teria sido mencionado no relatório final sobre a tentativa de golpe de Estado atribuída a investigados próximos ao ex-mandatário.

A prorrogação reforça a complexidade das investigações conduzidas no inquérito, que tem se desdobrado desde a sua abertura, em março de 2019.

Na ocasião, o então presidente do STF, ministro Dias Toffoli, determinou a abertura do processo e designou Alexandre de Moraes como relator.

Desde então, o prazo das investigações tem sido ampliado sucessivamente, diante do volume de informações e da necessidade de novas diligências.

Prorrogações e impacto político
O inquérito das fake news tem sido alvo de críticas de setores políticos e de aliados do ex-presidente Bolsonaro, que acusam o STF de extrapolar suas atribuições.

Em contrapartida, defensores do processo destacam que a investigação é fundamental para combater a desinformação organizada e proteger a democracia.

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Nos próximos meses, o avanço das oitivas e a análise dos dados sigilosos podem esclarecer o envolvimento de novos nomes e aprofundar o mapeamento da rede que teria financiado e operado a disseminação de ataques contra instituições democráticas.

A decisão de Moraes reforça o papel do STF como protagonista no combate às fake news, em um cenário onde a desinformação e as milícias digitais continuam sendo uma preocupação central para a democracia brasileira.

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Foto: Antonio Augusto/STF