Caso Cid: cúpula do Exército reclama da falta de informação
Revelações incluem ordens de venda de joias pelo ex-presidente Bolsonaro e detalhes sobre um suposto "gabinete do ódio" no Palácio do Planalto.

Diamantino Junior
Publicado em: 26/11/2023 às 09:29 | Atualizado em: 26/11/2023 às 09:29
Membros graduados das Forças Armadas têm manifestado desconforto diante do vazamento gradual do conteúdo da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Cid firmou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal (PF) há mais de dois meses, e, apesar do sigilo mantido pelos investigadores, trechos já foram divulgados pela imprensa.
O ministro da Defesa, José Múcio, buscou mais informações sobre o conteúdo em uma reunião com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, mas o relator não compartilhou detalhes. Atualmente, apenas o STF, a PF e a Procuradoria-Geral da República têm acesso às investigações.
As Forças Armadas argumentam a importância de conhecer o teor da delação para determinar as providências internas, considerando o impacto na instituição.
Não se sabe se há menções a nomes ainda em posições de influência ou o destino de Mauro Cid, cuja carreira militar estava em ascensão.
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Além disso, há insatisfação com os vazamentos “parcelados”, que prolongam o desgaste das Forças Armadas, anteriormente em destaque durante os quatro anos do governo Bolsonaro.
Declarações de Cid revelaram, entre outros pontos, que Bolsonaro teria ordenado a venda de joias recebidas pelo governo, com o valor entregue em espécie ao ex-presidente.
Também foram expostos detalhes de um suposto “gabinete do ódio” no Palácio do Planalto. Relatos posteriores mencionam um alegado plano de golpe militar para reverter a vitória de Lula sobre Bolsonaro, com o aval do então comandante da Marinha, Almir Garnier, mas rejeitado pelos chefes do Exército e da Aeronáutica.
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Foto: Lula Marques/Agência Brasil