Brasil tem mais de 70 milhões ameaçados pela fome, diz ONU
Dados da FAO, ONU, OMS e Unicef revelam o aumento da insegurança alimentar severa e da desnutrição, contradizendo a negação da fome pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Diamantino Junior
Publicado em: 12/07/2023 às 17:50 | Atualizado em: 12/07/2023 às 19:01
A insegurança alimentar no Brasil aumentou significativamente entre 2020 e 2022, afetando cerca de 70,3 milhões de brasileiros.
Os dados divulgados por organizações como a FAO, ONU, OMS e Unicef revelam um aumento na falta de acesso à alimentação adequada, com um salto na insegurança alimentar severa de 4 milhões para 21 milhões de pessoas.
Apesar disso, a taxa de desnutrição absoluta teve uma leve queda, de 6,5% para 4,7%, representando 10,1 milhões de pessoas em condições de fome absoluta.
A desnutrição infantil também apresentou um aumento, passando de 6,3% para 7,2% entre 2012 e 2022, afetando atualmente cerca de 1 milhão de crianças.
Além disso, 48 milhões de brasileiros não têm recursos suficientes para ter acesso a uma alimentação saudável, um aumento em relação a 2019.
Esses números contradizem a narrativa do ex-presidente Jair Bolsonaro de que a fome não existe no Brasil.
Enquanto o país exporta grandes quantidades de alimentos, sua população enfrenta insegurança alimentar e falta de acesso adequado à comida.
Globalmente, a fome também aumentou, atingindo 735 milhões de pessoas em 2022, um aumento de 122 milhões desde 2019. A falta de acesso constante a alimentos afeta aproximadamente 29,6% da população global, com 900 milhões enfrentando insegurança alimentar grave.
A África continua sendo a região mais afetada pela fome, seguida pela Ásia Ocidental e Caribe, enquanto a Ásia e a América Latina mostraram algum progresso na redução da fome.
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Embora seja observado progresso em certas metas de nutrição em algumas regiões, alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de Fome Zero até 2030 se torna um desafio cada vez maior. É necessário um esforço global para garantir o acesso adequado a alimentos e combater a fome em todo o mundo. No caso do Brasil, políticas públicas e uma forte produção alimentar podem ajudar o país a superar essa situação e eliminar a fome novamente.
Leia mais na coluna de Jamil Chade, no UOL
Foto: Fundação Perseu Abramo/divulgação