Faculdade ilegal paraguaia ‘formou’ 124 doutores e 791 mestres brasileiros

Esses títulos foram validados no Brasil, sem reconhecimento do MEC. PF está no caso.

Publicado em: 05/08/2025 às 09:27 | Atualizado em: 05/08/2025 às 10:05

A Polícia Federal (PF) investiga uma universidade paraguaia que emitiu, de forma irregular, diplomas usados por brasileiros para validar mestrados e doutorados no Brasil.

O Instituto Superior Interamericano de Ciencias Sociales (Isics), que atua com o nome de Facultad Interamericana de Ciencias Sociales (Fics), não pode oferecer cursos nem emitir diplomas válidos no Paraguai desde 2018. Ainda assim, a Fics encaminhou 917 diplomas à plataforma Carolina Bori, do Ministério da Educação (MEC), com o objetivo de obter o reconhecimento desses títulos no Brasil. Desse total, o MEC aceitou 841 diplomas sem ressalvas.

Entre os títulos deferidos estão 124 doutorados e 791 mestrados. Só 62 pedidos foram negados. A maioria dos reconhecimentos ocorreu em universidades privadas, como a Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), que validou sozinha 477 diplomas.

Segundo a PF, a Fics não tem registro no Ministério da Educação e Ciências do Paraguai (MEC-PY) nem no Conselho Nacional de Educação Superior (Cones). Também não possui sede fixa, infraestrutura ou corpo docente próprio. A instituição divulgava os cursos pelas redes sociais, atraindo principalmente estudantes brasileiros.

No Brasil, o reconhecimento de diplomas estrangeiros exige que a instituição esteja regularizada no país de origem. Apesar disso, a plataforma Carolina Bori segue registrando pedidos ligados à Fics, mesmo após a proibição oficial no Paraguai.

A Universidade da Amazônia (Unama), a Universidade de Uberaba (Uniube) e a Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) também aparecem com dezenas de deferimentos. Já entre as públicas, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) validou 29 títulos integralmente.

A Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários enviou a denúncia às instituições, pois suspeita da existência de um esquema internacional de comercialização de diplomas.

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Foto: divulgação