Exército Brasileiro enfrenta rebeldes na selva

Militares brasileiros enfrentam a pressão dos guerrilheiros do M-23

Diamantino Junior

Publicado em: 15/11/2023 às 09:55 | Atualizado em: 15/11/2023 às 09:55

A coluna de Marcelo Godoy, publicada no Estadão, a história da força de paz da ONU comandada pelo Exército Brasileiro na República Democrática do Congo (RDC), que vive um conflito armado entre as etnias hutus e tutsis.

Entenda a situação

O general de divisão Octávio Rodrigues de Miranda Filho deixou o comando da 8ª Região Militar em Belém, em março, para assumir o papel de último force commander da Missão da ONU para Estabilização do República Democrática do Congo (RDC), conhecida como Monusco.

A Monusco é a primeira força de imposição da paz criada pelas Nações Unidas. Seu objetivo principal era comandar o processo de desmobilização da missão, composta por aproximadamente 17 mil integrantes, dos quais 12,5 mil eram soldados destacados no leste congolês, onde atuavam rebeldes do grupo M-23, liderados por tutsis.

No entanto, ao chegar no RDC, o general deparou-se com a escalada do conflito na região norte do estado do Kivu, levando cerca de 300 habitantes a abandonarem suas casas.

O M-23, derrotado em 2013 sob o comando do general Carlos Alberto Santos Cruz, rompeu a trégua com o governo de Kinshasa, agindo novamente na região, que abriga mais de 1,5 milhão de hutus.

Em meio a esse cenário, o general Miranda desdobrou suas tropas da ONU em 10 de novembro, na Operação Springbok, para evitar potenciais massacres e uma nova limpeza étnica na região.

Em entrevista ao Estadão, ele destaca a importância da operação para a estabilização da RDC, especialmente diante das eleições previstas para 20 de dezembro, e defende que a União Africana assuma o papel desempenhado atualmente pela ONU na estabilização do Congo.

O general explica que a Operação Springbok é uma resposta à possível tentativa do M-23 de tomar as cidades de Goma e Sake, ameaçando a população civil, composta em grande parte pela etnia hutu. Ele reforça que, mesmo com a pressão do M-23, o cronograma de desmobilização da Monusco está mantido, com previsão para ser concluído em 2024.

Quanto à estabilização da RDC, o general expressa cautela, afirmando que os benchmarks estabelecidos para a saída responsável da Monusco provavelmente não serão totalmente atingidos até dezembro de 2024.

Ele sugere que, após quase 25 anos de presença da Monusco, é hora de as organizações regionais, sob União Africana, continuarem o trabalho iniciado pela missão.

O general reconhece as conquistas da Monusco ao longo dos anos, mas destaca a necessidade de respeitar a vontade da juventude africana em assumir o controle de seu continente.

Foto: Marcelo Pinto/APlateia