Na Europa, Bolsonaro é acusado de estimular fatos como do Vale do Javari

Editorial do Le Monde denuncia a visão "desenvolvimentista" do presidente e a lenta reação para mobilizar as Forças Armadas

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Publicado em: 15/06/2022 às 08:57 | Atualizado em: 15/06/2022 às 08:57

O jornal francês Le Monde dedicou um editorial, publicado nesta segunda-feira (14), ao desaparecimento no Vale do Javari, do indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips.

O vespertino explica que esse episódio resume bem as diversas ameaças que enfrenta o “pulmão” do planeta e denuncia a visão “desenvolvimentista” do presidente Jair Bolsonaro.

Le Monde explica que o desaparecimento acontece em um local que concentra “todos os males da Amazônia”: o Vale do Javari, uma região ameaçada por caçadores e pescadores ilegais, garimpeiros, agricultura agressiva e até por missionários evangélicos “decididos a converter a qualquer preço os últimos representantes dos povos isolados”.

Sem esquecer o narcotráfico nessa parte do continente, que se tornou um centro por onde circula a cocaína vinda do Peru e da Colômbia com destino ao Brasil. Para o jornal, o Vale do Javari é “uma área de ilegalidade onde o crime prospera em todas as suas formas”.

“Essa situação crítica explica por que Phillips e Bruno Pereira, ambos experientes, correram o risco de ir até a região”, diz o vespertino. Nas palavras do jornal francês, os dois homens foram testemunhar a ameaça que paira sobre “esse paraíso perdido”.

Mas o editorial também fala da posição do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, lembrando que a reação do chefe de Estado foi bastante lenta antes de, finalmente, mobilizar as forças armadas. Além disso, o texto ressalta que, para o líder brasileiro, a prioridade na região sempre foi a extração das riquezas.

“Ele nunca negou sua visão sobre uma região que deve ser explorada sem piedade, custe o que custar para seus nativos ou nosso futuro climático”, constata o jornal, que critica o estilo “desenvolvimentista” do chefe de Estado. “Desde que ele assumiu o cargo, o desmatamento e a extração de ouro explodiram, e a monocultura da soja, sinônimo de empobrecimento dramático da terra, está corroendo a floresta”, aponta o texto.

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