Estatísticas dos estados ocultam quase 4 mil homicídios em 1 ano
Em 10 anos, são mais de 51 mil mortes ocultas, o que alteraria o ranking de estados menos e mais violentos.

Adrissia Pinheiro
Publicado em: 13/05/2025 às 09:33 | Atualizado em: 13/05/2025 às 09:40
O Amazonas aparece entre os estados que reduziram o número de homicídios ocultos em 2023, com queda de 12,9%, segundo o Atlas da Violência 2025, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
No entanto, o estado continua com taxas elevadas de homicídios estimados, mantendo-se entre os mais violentos do país. Veja no infográfico do g1:

O número de assassinatos no Brasil é maior do que mostram os registros oficiais.
Só em 2023, a diferença chegou a quase 4 mil homicídios não contabilizados. Esses casos são classificados como Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI), que incluem óbitos sem definição clara, como suicídios, acidentes ou assassinatos não confirmados.
Parte dessas MVCI são homicídios ocultos, ou seja, assassinatos que não entram nas estatísticas devido a falhas na apuração ou nos registros oficiais.
Pesquisadores cruzaram dados históricos desde 1996 com perfil das vítimas, locais e circunstâncias, identificando 3.755 homicídios ocultos apenas em 2023.
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Impacto nos números nacionais
Com esse acréscimo, o total de assassinatos no país em 2023 subiu de 45.747 para 49.502, alterando também o ranking dos estados mais violentos.
São Paulo, por exemplo, perdeu o posto de estado menos violento: sua taxa oficial saltou de 6,4 para 11,2 mortes por 100 mil habitantes. Santa Catarina assumiu a liderança, enquanto Acre, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte também tiveram mudanças de posição.
Estados com maior subnotificação
Entre 2013 e 2023, o Brasil somou 51.608 homicídios ocultos, representando 38% das mortes violentas sem causa esclarecida nesse período. Quatro estados concentram dois terços desses casos: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia (66,4% do total).
O estudo aponta que a baixa qualidade dos registros de óbitos em algumas regiões esconde parte significativa da violência letal.
Enquanto o Amazonas apresentou melhora, o Amapá registrou aumento de 40% nas mortes ocultas em um ano (de 370 para 519 casos).
Exemplo positivo e desafios
O Espírito Santo se destacou ao reduzir seus homicídios ocultos de 205 para 7 após integrar dados de saúde e segurança. Em 2023, 21 estados trabalharam para qualificar seus registros e evitar a classificação incorreta de mortes violentas.
Para o Ipea, a falha na identificação das causas desses óbitos compromete o entendimento real da violência no Brasil. As estimativas indicam que, entre 2013 e 2023, o país teve 650 mil assassinatos — 52 mil a mais que os 598 mil registrados oficialmente.
Leia na íntegra em g1.
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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/arquivo