Esquema de propinas da Odebrecht funcionava desde a década de 80

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 07/08/2018 às 16:32 | Atualizado em: 07/08/2018 às 16:32
O esquema de distribuição de propinas para políticos pela empreiteira Odebrecht acontece desde a década de 80.
Os pagamentos eram sem controle e comprometia a contabilidade da empresa. Foi, então, que a empreiteira organizou um setor para tratar somente dessa prática.
Desde 1990 a empreiteira Odebrecht passou a manter um funcionário responsável pelo pagamento de propinas.
A revelação foi feita pelo ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht (foto), em depoimento, nesta segunda-feira, 6, ao juiz federal Sérgio Moro.
Marcelo disse ainda que o departamento de Operações Estruturadas da empresa foi criado por Hilberto Mascarenhas, funcionário colocado por ele na função de gerenciar as propinas, em 2005, por iniciativa do funcionário, que passou a fazer um controle dos pagamentos, sem autorização do comando da empresa.
“Nos anos 1980, os pagamentos não contabilizados eram feitos dentro dos próprios projetos. Mas aquele modelo era arriscado e contaminava a contabilidade como um todo. Pensava-se que pessoas estavam roubando a empresa dentro da própria empresa. Então, a partir de 1990, decidiu um modelo em que os pagamentos não contabilizados passariam a ser feitos todos por doleiros e teriam pessoas responsáveis por isso no grupo. Desde então, sempre tivemos uma pessoa responsável por repassar recursos aos doleiros. A última pessoa foi o Hilberto, que fazia a mesma coisa que as outras pessoas faziam, ele pediu a criação de um departamento. Essa foi a única mudança. Mas ele passou a fazer alguns controles e sistemas que ninguém na empresa sabia e a abrir contas de pagamentos, que não era para ser feito, porque era feito por doleiros”, afirmou.
“Hilberto não deveria saber quem era o beneficiário e qual o centro de custos. Ele sabia muito mais do que deveria saber. Não era para haver controle, mas ele fez”, completou.
Segundo destaca o Paraná Portal, Marcelo Odebrecht é réu em ação penal relativa à 26ª fase da Operação Lava Jato, que apura a existência de sistemas para o gerenciamento de propinas dentro da empresa.
Foto: Reprodução/Mídia News