Em clima de BBB, Guedes está ameaçado em mais um paredão

O ministro da Economia continua deixado de lado, enquanto Bolsonaro estende as mãos ao Centrão para se reeleger

Paulo Guedes testa positivo para Covid

Publicado em: 04/02/2022 às 09:23 | Atualizado em: 04/02/2022 às 09:29

O ministro da Economia, Paulo Guedes, só não foi ainda para o paredão do governo porque o patrocinador não deixa, no caso, o presidente Jair Bolsonaro.

Guedes fez poucas das coisas que prometeu fazer para eleger Bolsonaro. Parte do que prometeu era irrealizável, parte esbarrou em dificuldades criadas ora por Bolsonaro, ora pelo Congresso. Até que o governo chegue ao fim, colherá outras derrotas.

Uma começou a ganhar forma na semana que marcou a reabertura do Congresso depois das férias de fim de ano. Bolsonaro disse a deputados e senadores:

“Peço agora ajuda aos parlamentares. Ninguém vai fazer nenhuma barbaridade, mas quero que emergencialmente me deem os poderes de zerar o imposto do diesel – do gás de cozinha nós já zeramos – para enfrentar esses desafios”.

Por desafios, entenda-se como o principal: o de se reeleger. Bolsonaro foi convencido pelos líderes do Centrão que só poderá sonhar com um novo mandato se abrir o saco de bondades do governo para socorrer os brasileiros mais pobres.

O Orçamento não permite? A Lei de Responsabilidade Fiscal será atropelada? E daí? Não haverá impeachment porque o Centrão não quer. Vale qualquer coisa por mais 4 anos no poder. Os erros serão corrigidos no futuro, seja por ele mesmo ou pelo seu sucessor.

Guedes concordava com uma medida que baixasse o preço do diesel, mas acabou traído outra vez. Uma proposta de emenda à Constituição (PEC) bem mais ampla do que a combinada com ele foi apresentada pelo deputado Christino Áureo (PP-RJ).

Ela foi redigida por um funcionário da Casa Civil da Presidência da República, cujo chefe é o ministro Ciro Nogueira, presidente do PP de Áureo. Bolsonaro sabia e autorizou que fosse tocada adiante. Nogueira está pronto para dizer que não foi bem assim.

A PEC de Nogueira, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e de Áureo no papel de “laranja” permite zerar ou reduzir alíquotas de tributos que incidem sobre combustíveis e gás “em decorrência das consequências da pandemia da Covid-19”.

Permite também o corte de tributos de “caráter extrafiscal”, o que inclui Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).

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